sexta-feira, 1 de março de 2013

Maurícias, ou será Cirne?

A viagem para as Maurícias, tinha um objectivo simples, fazer uma boa praia e aproveitar já que iríamos ter uma semana inteira por lá, para conhecer bem as belezas naturais e culturais.

As Maurícias, fogem ao típico padrão de pobreza que encontramos frequentemente nos países africanos. Isso pode ser verificado imediatamente assim que aterramos quer pelas condições do próprio aeroporto, quer pelos preços que vemos afixados numa série de anúncios.

Diria que o nível de preços se aproximava bastante de Portugal, mas é óbvio, que mesmo sendo um país mais desenvolvido do que os demais africanos, não chega aos padrões europeus.

Outra particularidade muito interessante e muito repetida pelos locais nas Maurícias, é o facto de coexistirem de uma forma perfeitamente pacífica uma série de povos de distintas proveniências e religiões.


Aqui convivem diariamente de uma forma invejável, cristãos, hindus, budistas e muçulmanos, bem como uma extensa comunidade chinesa maioritariamente ateia e Taoista.


É assim, um maná de oportunidades para num local tão pequeno, admirar a diversidade cultural e religiosa, bem como obviamente aproveitar as maravilhas naturais que uma ilha tropical com estas características tem para nos oferecer.

Mais uma vez sem surpresa, foram os portugueses os primeiros a chegar a este paraíso perdido. Sem interesse comercial relevante, a ilha seria apenas utilizada como base de recolha de tartarugas gigantes, dado que a sua carne servia o propósito de ser um alimento “duradouro” nas naus para além de ser um importante contributo na luta contra o escorbuto.

Eram por isso extremamente preciosas as simpáticas tartarugas, e por isso mesmo e por serem um alvo fácil, foi inevitável a sua extinção. Hoje em dia existe um trabalho meritório de tentar repovoar a ilha com as “primas” trazidas das Seychelles, mas será obviamente necessário algum tempo para que em caso de sucesso, possamos voltar a ver em liberdade estes "bons gigantes” no seu habitat natural.


Em matéria de extinção, a lista aqui é extensa, mas o mais famoso e aliás mascote nacional das Maurícias é o famoso Dodo, uma ave que devido à falta de predadores, deixou de voar e que devido às suas generosas dimensões, cerca de 1 metro de altura e 15 quilos de peso as tornava também em alvos fáceis e apetecíveis para os marinheiros. Aliando este facto com a chegada de predadores inexistentes na ilha, tais como os ratos por exemplo, bastou um século, para que a extinção se tornasse uma realidade.

Relativamente aos dodos, existe uma história curiosa, e que para os portugueses terá um encanto adicional, dado que sendo verdade ou não, diz-se que o seu nome provêm do português, dado que quando os primeiros marinheiros aqui desembarcaram, confrontaram-se com uns pássaros enormes e desajeitados que pareciam "dodos" (doidos). Pode não ser verdade, mas eu comprei (e adorei) esta "estória".

Nota: Ao contrário de todas as outras fotos, esta não foi tirada pelo autor :-)

A história das Maurícias, sendo uma ilha desabitada até ao século XVI, começa com a chegada dos portugueses que a nomearam de Cirne (daí o título!), tal como aparece em antigos mapas portugueses.

Tal como tantas outras paragens nestas latitudes, a história aqui é feita da constante batalha pelo domínio dos mares. Assim, aqui passaram depois dos portugueses que não se interessaram pelo arquipélago, os holandeses, que lhe deram o nome actual em honra do príncipe Maurício de Nassau, mais tarde os franceses, após também os holandeses terem abandonado a ilha e por fim os ingleses que a conquistaram aos franceses e que repuseram o nome original (ou quase).

Hoje em dia as Maurícias têm no turismo uma das suas principais actividades, senão mesmo a principal, que se sustenta na hospitalidade, boas infra-estruturas e na sua riqueza cultural e natural. Obviamente que um excelente trunfo são a sua localização tropical e as suas praias muito interessantes…



É isso que vamos ver!

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