terça-feira, 9 de julho de 2013

Prambanan, mais um tesouro de Java...

No terceiro dia em Java, à semelhança do dia anterior o programa já estava traçado.

A nossa guia, que já nos tinha acompanhado nos 2 dias anteriores veio buscar-nos cedo ao hotel.

Bem, cedo é relativo, já que em conversa com ela, relatou-nos que todos os dias se levantava às 5 da manhã na primeira chamada do dia para a oração. ..

A guia era muçulmana,  e foi bastante interessante e didáctico o convívio que tivemos nestes dias uma vez que aprendemos imenso sobre o modo de vida dos muçulmanos pelo menos aqui na indonésia. ..

Percebemos que a família dela era bastante liberal uma vez que o marido a tinha autorizado a trabalhar, o que ainda era pouco comum. Ela compensava, esfalfando-se todos os dias para que não faltasse nada em casa, que é como quem diz, que evitava a todo o custo qualquer motivo para que lhe fosse retirado esse luxo de poder trabalhar. ..

Embora fosse obrigatório que todos os muçulmanos se levantassem para a primeira oração do dia, o marido delegava nela essa responsabilidade... Ela aproveitava as horas seguintes antes de começar a trabalhar para...  Trabalhar! Fazer a comida, lavar roupa, loiça,  limpar a casa, etc. Um luxo, poder trabalhar. ..

Era muito solícita e simpática nunca se escusando a responder de uma forma honesta e realista às nossas curiosas perguntas, mesmo quando estas eram um bocadinho mais constrangedoras...

Era aliás excessivamente simpática com a Xana, a quem não se cansava de dizer que era muito bonita, tão branquinha e com um cabelo fantástico,  tudo isto acompanhado de uns apertados abraços que desarmavam a Xana e a deixavam sem saber onde colocar os braços :-)

No primeiro dia, tivemos que lhe explicar, que éramos portugueses e não,  não tinha nada a ver com Espanha, aliás a nossa história é de rivalidade com eles, etc etc. Tive que lhe explicar, em castelhano, que sim, embora percebesse e falasse qualquer coisa de castelhano, que a nossa língua era o português,  que aliás tinham sido os primeiros ocidentais a chegar à indonésia e que ela sem saber utilizava uma série de palavras portuguesas que foram legadas ao bahasa indonésio,  tais como sapato, mesa, cadeira, natal, etc...

As viagens são isso mesmo, uma aprendizagem curiosa e constante, que liga os lugares também às pessoas, e com esta guia aprendi muito e acho que ela também aprendeu qualquer coisa connosco.

Saímos todos a ganhar!

Hoje o destino levava-nos ao templo hindu de Prambanan, que à semelhança do Borobudur, se perdia no tempo... Um local cheio de história, remontando a sua fundação ao século VIII e era legado dos reinos hindus, de influência indiana, tais como os budistas também o eram. Não fosse a "concorrência" do vizinho Borobudur e seria provavelmente o maior highlight da ilha!

Fantástico,  assim como o que aprendemos sobre a religião hindu à medida que visitávamos os templos acompanhados pelas explicações da guia.

Muito bom mesmo, ficam umas fotos, para se ter uma pequena ideia...













O templo foi contruído no século VIII - IX e foi dedicado à trimurti, Deus tripartido em criador (Brahma), sustentador (Vishnu) e destruidor (Shiva). É património da humanidade da UNESCO. .. só podia...


A saída do complexo de templos, é como habitual, carregada de vendedores mais ou menos agressivos. Os indonésios são geralmente simpáticos e afáveis,  mas temos que compreender a sua insistência por vezes, uma vez que são bastante humildes e a sua sobrevivência depende directamente das suas vendas...

Já no dia anterior, no Borobudur, o cenário foi o mesmo, com vendedores extremamente ágeis que se fosse preciso no caso de não pararmos na sua banca, vinham atrás de nós com a banca às costas mostrando as "maravilhas" que tinham para nós!  

Um deles, num estilo empreendedor, acompanhava-nos mostrando uma magnifica zarabatana e ao mesmo tempo que nos explicava todos os pormenores ia disparando verdadeiras flechadas nas árvores que me impressionaram.  As flechas cravavam-se com uma força incrível e não consegui deixar de pensar nos marinheiros que seriam habilmente cravejados, quando punham pé por essas praias do novo mundo...

Comprei a zarabatana,  porque gostei dela, porque valorizei o empreendedor vendedor e também porque achei que era mais seguro ficar com ela na minha mão :-)


Rumámos mais uma vez para o hotel para a nossa piscina favorita!

Para a noite, o programa estava traçado, tínhamos marcado um jantar espectáculo para vermos as tradicionais danças javanesas numa interpretação do épico "Ramayana"...