segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Ramayana em Java...

A atmosfera que se vive, ou que vivemos nós em Java é mesmo particular, num local onde temos que buscar a beleza que nos rodeia, que não é evidente nem fabricada, que foge aos slogans e chamarizes das mecas do turismo mais desenvolvidas.

É isso que nos atrai nos lugares mais recôndidos, é buscar um pouco a autenticidade das pessoas e dos seus hábitos. Sem exageros, mas não há nada como sermos surpreendidos, por um lugar, por uma pessoa ou por uma situação inesperada.

Em Yokyakarta, sente-se essa atmosfera, num local com vários milénios de história e cultura, e num local onde não reina a riqueza, é surpreendente observar no dia a dia das pessoas que existem ali fenómenos de espantar.

Um desses casos é sem dúvida a arte que envolve as danças Javanesas, que são uma mistura de arte, história e religião. Estão impregnadas de significado e plasmam a psique javanesa uma vez que parecem quase inalteradas ao longo dos séculos.

Fomos assistir ao épico "Ramayana" num misto de jantar espectáculo.

Logo à saída do hotel, começa a nossa aventura, com aquele nervoso miudinho que sentíamos cada vez que saíamos do nosso ghetto. Com as indicações do restaurante escritas num papel, lá procurámos um transporte para nos levar até lá.

O que nos pareceu mais indicado, foi um riquexó, ou uma espécie de riquexó, que na realidade era uma bicicleta com um banco duplo à frente e que se revelou obviamente uma escolha errada! Pelo menos a meio da viagem! O rapazinho que nos transportava era franzino e tinha obviamente dificuldade em desviar-se do trânsito sempre caótico!




Lá chegámos, sabe deus ou Alá como quando percebemos que se calhar a viagem tinha corrido pior do que nos tinha parecido e estávamos a entrar directamente para o céu sem passar pelo São Pedro! Afinal estávamos num país islâmico... É que os elementos da "orquestra de gamelan, há muito tempo que se tinham finado!


O Gamelan é uma orquestra tipicamente indonésia, de Java e Bali, com uma série de instrumentos que podem variar bastante consoante o conjunto que o compõe.

Valeu-nos a jovem Javanesa, que nos fez voltar à terra, para admirar a sua arte, delicada nos movimentos e estudada ao pormenor ao longo de anos intensivos de treino que se refletem em pequenos gestos das mãos ou num simples movimento de olhos...



Fantástico! Mas o grande momento estava guardado para depois do jantar. Fomos encaminhados para um teatro ao ar livre para ver uma mega produção (para os parâmetros locais claro!) da Ramayana.

A Ramayana é um conto religioso hindu, uma espécie de epopeia, que relata a viagem de Rama, a personagem principal em busca de Sita, a sua amada que foi "raptada" por um demónio.

É um épico indiano do século VII e que como em todos os contos religiosos hindus, parecem-nos sempre para os nossos parâmetros, algo infantis, mas que pretendem no fundo, ser um referencial de valores e de comportamentos como em qualquer outra religião. São as metáforas da nossa Bíblia, só que um bocadinho mais infantis...

Toda a história nos é revelada em dança, com os personagens ricamente adornados e pintados.

Passou-se muito bem e pode dizer-se mesmo que gostámos bastante de toda esta mistura de arte, cultura e para nós, exotismo...






A viagem de volta correu melhor! Tomámos as nossas precauções e enfrascámo-nos!

Pode dizer-se que correu mesmo muito bem :-)

Amanhã visitaremos algumas atrações em Yokyakarta...