sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Bali, exotismo...

Fizemos a correcção do fuso horário de meia hora (!?!) em relação a Bali e o primeiro sentimento de quem aterra em Denpasar é que definitivamente não saiu do sudeste asiático!

O caos no trânsito mantém-se com milhares e milhares de motoretas que parecem formiguinhas dopadas, que passam cruzamentos milagrosamente sem se tocar embora não se veja um palmo de asfalto.

Também aqui conduzem com a buzina. Quando perguntei ao motorista porque motivo estavam sempre a buzinar, retorquiu-me não disfarçando a surpresa pela minha pergunta “ – É para os outros saberem onde estamos!”. Óbvio...

Chegamos ao hotel a Nusa Dua, que é uma faixa comprida de praias onde se instalaram uma série de hotéis das mais famosas cadeias internacionais para albergar os milhares de turistas que chegam à ilha todos os dias.

A desilusão em Bali, é mesmo a praia que está bem longe das idílicas praias tropicais imaginadas por nós. Essas só as encontrámos um pouco mais à frente na nossa viagem em Lombok nas Gili Islands, mas Bali é muito mais do que a praia...

Aproveitámos o primeiro dia para descansar e ficámos pelo hotel num dolce fare niente entre a praia e a piscina.

No dia seguinte, saímos então com um táxi alugado para o dia. O taxista acabava por nos servir de guia... Quando o vimos pela primeira vez, tivemos dificuldade em que conter um riso infantil e espontâneo que nos assolou, uma vez que o guia tinha uns bagos arroz espetados na testa...


Já tínhamos planeado o nosso roteiro e partimos à descoberta de Bali.

A primeira impressão é divina, à medida que nos vamos embrenhando no interior da ilha, uma vez que os templos parcialmente encobertos pela vegetação luxuriante fazem-nos absorver todo o exotismo de um cenário surreal e que nos vai fascinando e surpreendendo ao longo do caminho. 



A primeira paragem foi para assistirmos a mais um espectáculo de danças balinesas... Sempre fantástico... Ajuda a colocar-nos ainda mais no espírito da ilha!






Continuamos o caminho revigorados e a próxima paragem é num fantástico parque de aves, o Taman Burung.



Este parque tem aves de toda a indonésia, desde o bornéu a Sumatra, sulavésia, Java e as ilhas orientais, bem como uma colecção impressionante das fantásticas aves do paraíso da Papua e ainda 2 exemplares do sempre misterioso e aterrador dragão de Komodo...

















Mais do que a impressionante colecção de aves, é a forma como estão expostas, eliminando ao máximo as jaulas e gaiolas. É um parque extenso e com uma vegetação luxuriante, que pretende simular os habitats naturais das aves e que ainda acrescenta algumas construções e artesanato típico dos locais de origem.


Por outras palavras, fantástico! Foi uma surpresa total para nós, claro que é sempre mais emocionante ver a fauna em liberdade e nos seus habitats naturais, mas seria impossível termos num tão curto espaço de tempo acesso a tal acervo de aves.

Aqui é também jogado um papel extremamente importante no que diz respeito à preservação de aves ameaçadas. Conta por exemplo coam a presença de um par de casais da ave mais ameaçada de extinção do mundo, o mainá-de-Bali com pouco mais de 100 exemplares em liberdade.



Estava na altura de seguir viagem, visto que hoje o dia seria comprido. Queríamos chegar aos 2 locais mais sagrados das ilhas: o Gunung Agung e o Gunung Batur. São a primeira e segunda montanha/vulcão mais altos da ilha, sendo que o primeiro representa a virilidade masculina e o segundo a sua "cara metade" feminina.

O percurso ainda é longo e já se sabe que por estes sítios, não interessa nada a quantos quilómetros de distância ficam os locais. Aqui pergunta-se a quanto tempo de distância fica... E estamos a bastante tempo de distância ainda, vamos ter que acelerar...

Nós levávamos já todo o percurso mais ou menos estudado, mas ao passar por Mas, uma aldeia conhecida pelas estátuas de madeira, aceitámos a sugestão do guia e parámos para dar uma olhada. Não demorámos muito a perceber, que era mais uma daquelas típicas ratoeiras de turistas, onde nos fazem uma breve apresentação da "fábrica" de estátuas e depois enfiam-nos numa loja com preços absurdos e fazem-nos sentir na obrigação de comprar alguma coisa uma vez que tivemos uma "fantástica" visita cultural de borla...

Depois de ter dito com o ar mais simpático que consegui ao abutre da loja que não ía comprar absolutamente nada uma vez que os preços eram pornográficos e de ter voltado à "fábrica" para dar uma gorjeta aos desgraçados que estavam por lá a trabalhar, voltámos para o carro onde sumariamente ameacei o guia de o mandar embora e de não lhe pagar absolutamente nada se me voltasse a levar a uma loja que fosse que tivesse pagamento com Visa e onde ele tivesse qualquer tipo de comissão (o esquema dos guias é sempre este, recebem uma comissão por parte da loja, dos clientes que levam).

O guia tinha um ar que parecia que se ía desmontar, e foi dizendo sempre "yes sir, yes sir, i understood!".

Ok, o flop já tinha passado e estavam colocados os pontos nos is, agora só poderia correr ainda melhor!

Na altura em que visitámos Bali, o sistema de irrigação das plantações de arroz por terraços ainda não eram património da Unesco, mas posso assegurar que eram com toda a certeza igualmente belos e ajudavam-nos e de que forma a ultrapassar o desconforto da viagem...





Especialmente nas redondezas do Gunung Kawi, a nossa próxima paragem programada.


Gunung Kawi é um templo hindu, fundado no século XI e recheado de história como é fácil de perceber. O cenário circundante é magnífico e as estátuas gigantes escavadas na rocha são o seu ex-libris.



Deixo aqui uma dica muito importante para as senhoras, verifiquem o vosso estado biológico com rigor, se não, vai ser muito difícil entrar nos templos :-)









Não sei o que terei de fazer para me redimir de um sacrilégio que cometi, com a atenuante de o ter feito sem conhecimento de causa, é que num momento de aperto afastei-me um pouco para aliviar a pressão biológica que sentia no riacho que por ali passava... Até aqui tudo bem, o problema, foi quando mais tarde o guia nos informou que se tratava do sagrado rio Pekerisan... Qual será a pena para tal heresia?!?



De volta à estrada, apontados ao Gunung Agung, lá chegámos após passar uma barreira onde se tinha que pagar uma "portagem" aos locais para passar...

Ficámos a almoçar no topo, com vista para as... nuvens! Não se via absolutamente nada! Tantos quilómetros para aqui chegar e nada, o ponto mais sagrado de Bali não queria nada connosco! Seria alguma vingança de Shiva o destruidor à conta da minha heresia em Gunung Kawi?

Enquanto almoçávamos, parece que Shiva abrandou a sua vingança e por alguns instantes, vimos o cume do Gunung Agung!


Estava na hora de fazer o percurso inverso e aproveitámos para ir ver também o Gunung Batur e depois descer para Ubud para visitar a floresta sagrada dos macacos...

Não sei bem porque o fizemos, mas é inapelável que o nome era demasiado sugestivo...

A floresta sagrada dos macacos é na realidade um complexo de templos engolida por uma floresta tropical e por isso com um exotismo e misticismo muito próprio. Com riachos sagrados, fontes e recantos quase secretos e com uma série de templos espalhados pelo complexo.

Toda a paisagem é uma atracção a não perder e os mais de 600 macacos, que quer pelo culto hindu, quer pelo culto animista de Bali, são tão sagrados como os templos, são uma atracção em si mesmo!

São completamente imprevisíveis, o que lhes acrescenta um poder sedutor imenso, todos esperam que algo desastroso ou caricato aconteça e são muitos os relatos de turistas a fugir a sete pés de um macaco mais atrevido e dos inúmeros roubos a que são sujeitos por estas criaturas tão adoráveis como assustadoras...

O conselho é que ninguém dê de comer aos macacos e para não levar nada solto, senão é certo e sabido que não volta para casa da mesma forma :-)






Bela forma de terminar o dia. Foi um dia empolgante e cheio de actividade! Resta-nos seguir para o hotel para carregar baterias!

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