terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Serengeti, as infindáveis planícies - II


O nome Serengeti deriva da língua Masai, o maa, e significa "planícies sem fim", o que não é muito criativo mas é bem realista!


É realmente um espaço, que nos faz compreender a recorrente nostalgia das pessoas que viveram em África e que falam dos "grandes espaços", do sentido das grandes distâncias e do sentimento de liberdade que estas paisagens nos dão.

A paisagem é obviamente de Savana e é lindissima, com a particularidade dos kopjes que polvilham toda a planície e que são formações rochosas arredondadas que para além de serem refúgios privilegiados para a vida selvagem, conferem um aspecto bastante peculiar à paisagem.




Acerca dos kopjes, existe uma curiosidade que nos foi contada pelo nosso guia, que afirmou convictamente que todas estas pedras eram oriundas do vulcão ngorongoro em resultado de uma potente explosão e que estas foram "atiradas" a dezenas e centenas de kilómetros tendo desta forma chegado até aqui.

Infelizmente, a realidade não é tão poética nem tão romântica como a que é espalhada pelos guias, seguramente influenciada pelo ancestral "saber" Masai. É um fenómeno geológico apenas, mas confesso que a visão de uma chuva de pedras me agrada muito mais... Não dissemos nada ao Paul, sabíamos que o nosso cepticismo na sua explicação o iria decepcionar...

A reserva do Serengeti que é património da humanidade desde 1981, abrange cerca de um terço da área de Portugal, ou seja, cerca de 30000 Km2 e é seguramente imperdível para os amantes da vida selvagem.

Aqui os números são impressionantes em termos quer de quantidade quer de diversidade de vida selvagem.



É obviamente possível ver os 5 grandes, os "big five" que ouvimos falar a toda a hora nestas latitudes.

Infelizmente, embora haja quem em apenas 1 dia consiga ver os 5 grandes, Leão, Bufalo, Leopardo, Rinoceronte e Elefante, nós nunca conseguimos ver leopardos... Acho que estas coisas não acontecem por acaso e é com certeza o destino a querer que um dia voltemos ao local onde fomos felizes!

Vamos esquecer esta "infelicidade", já que fomos "felizes" numa série de outras ocasiões, como esta onde conseguimos uma proximidade entusiasmante com estas fantásticas chitas!




É realmente emocionante o frenesi que se vive aqui. O filme corre solto e sem intervalos e o guião é improvisado, pelo que se torna sempre diferente e entusiasmante...






Há quem se refugie na hora de maior calor...





E quem aproveite para matar a sede...


Há quem se divirta, ou treine para desafios futuros...


Há quem tenha fome e espreite de fininho para o seu apetitoso almoço... 



... e há quem não queira virar almoço!





Há tráfego de pesados...



... e ligeiros, das formas mais artísticas!



Há também lugar para a cultura e é com entusiasmo que nos dirigimos a uma galeria de pintura Masai...



É verdade que esta galeria não possui grande diversidade, mas ganha em emoção o que perde em dimensão!

Esta formação de kopjes, apresenta umas antigas pinturas Masai, efectuadas durante as longas jornadas de caminho que os Masai encetavam para procurar água e comida para o seu gado. A sua verdadeira razão de viver, porque já se sabe, que tudo na cultura Masai orbita em volta do gado, que aliás como sabemos é todo pertença deste povo.

Mas no entretanto, nos momentos em que descansavam, parece que também se ocupavam culturalmente e davam asas à imaginação pintando.

Aqui, tivemos um momento de adrenalina, ou tive, já que a Xana preferiu ficar à espreita e gritar se aparecesse alguma fera :-)


Quando chegámos aqui, o Paul, perguntou-nos se queríamos sair para ir ver as pinturas in loco, eu inicialmente nem queria acreditar, entrar nos kopjes a pé era o que eu mais queria, mas nem nunca propus tal coisa ao Paul, certo que a resposta seria um não redondo, por pensar que seria demasiado perigoso, já que os kopjes servem de refúgio a uma série de animais e nós tínhamos comprovado isso mesmo no decorrer do nosso safari.

O problema é que o Paul teve um momento de indecisão do tipo " - se calhar é melhor não...". Confesso que aí não achei tanta graça, mas como ele relançou o desafio e como a excitação era muita, lá fui até aos kopjes, mas confesso, que pouco vi das pinturas, na minha cabeça saltavam leões e leopardos de todo o lado, já para não falar nos milhares de cobras que me subiam pelas pernas...

Mas lá se passou, voltámos sãos e salvos ao jipe e a Xana nem sequer teve que gritar!

Serengeti, as infindáveis planícies despediam-se agora de nós, com a certeza de que nos tinham marcado profundamente e nós continuaríamos num dos mais belos lugares do Mundo, afinal, onde é que se pode fazer um safari na cratera de um vulcão...

...Ngorongoro, aí vamos nós! Kwaheri Serengeti, Jambo Ngorongoro!