sábado, 29 de janeiro de 2011

Passeio de balão em Masai Mara !

O dia começou bem cedo!
Levantámo-nos perto das 4 horas da manhã, sem dificuldade já que a expectactiva para o passeio de balão era compreensivelmente enorme!
Nunca tínhamos andado de balão e era o nosso segundo dia no safari, é por isso fácil de imaginar o nosso estado de espírito! Íamos juntar um explosivo 2 em 1, a adrenalina própria de andar de balão, e a perspectiva totalmente nova de uma paisagem de savana ao nascer do sol!
Depois de um pequeno almoço rápido, lá partimos numa espécie de mini-safari nocturno, percorrendo os trilhos que nos levariam para o local de encontro de todos os balonistas :-)
Chegados ao local, já lá estavam os 2 balões que nos levariam a tocar as nuvens de Masai Mara!
Esperamos que cheguem todos os tripulantes e lá começam os preparativos de enchimento dos balões, com o diligente piloto britânico a comandar as operações...
Ao olhar para estas fotos, não consigo deixar de lembrar que esta foi a primeira viagem que fizemos com uma máquina fotográfica digital (com alguma relutância minha confesso) e torna-se evidente que não dominávamos a sensível fotografia nocturna! Quando olhávamos para o ecrã pequenino da máquina, achávamos que tínhamos ali umas grandes fotos, sensação que rapidamente se desvaneceu quando as visualizámos em casa...
O sol ameaça nascer quando os imponentes balões começam a ser cheios. As cores dos balões, amarelo e vermelho, iluminadas pelas potentes chamas que os inflamam, parecem fogueiras gigantes no meio da savana, o calor das chamas, quebram a noite fria e aquecem-nos o corpo, já que a alma, essa já estava incandescente!

Aqueles 2 monstros que parecem de outro planeta são deveras impressionantes. Pelo tamanho, pelas cores e pelo momento... Os tímidos e aparentemente frágeis cestos de vime na base esperam-nos juntamente com o magote de japoneses que entre uns "thank you vely much sil" e uns "arigatos" lá se encaixam nas várias secções dos cestos.
Estamos todos prontos? Estamos e aí vamos nós! Nunca se aplicou tão bem o "dá-lhe gás!!!" como aqui!
Levantamos vôo com umas potentes "gazadas" e num ápice estamos a uma altura considerável! O cesto abana um pouco e faz uns gemidos que a todos pareciam pouco promonitórios!!!
O piloto impassível, continua a largar gás (botano, não metano) e passada a primeira descarga de adrenalina e esquecidas as vertigens, relaxamos e damos conta de que simplesmente flutuamos pelo céu! É magnífica a sensação de voar de balão! Há alturas em que não se ouve um ruído, não existe uma trepidação, e a sensação é indescritível, quase bíblica: Não morremos ao terceiro dia mas mesmo assim, ascendemos ao céu!
A paisagem é arrepiante, e nós temos a tendência para nos emocionarmos com os lugares e as pessoas... Este é sem dúvida um momento marcante para o resto das nossas vidas e dificilmente o vamos esquecer! São estes momentos que cada vez mais me convencem que é bem empregue todo o dinheiro que gastamos nas viagens, que é certo não nos trazem nada de material, mas ganhamos um verdadeiro tesouro emocional, que nunca nos poderá ser retirado dado estar "aprisionado" para sempre na nossa memória...


O nascer do sol, vem apimentar um pouco mais a já de si deliciosa paisagem. Lá em baixo, vemos o que parecem ser carreiros de formigas e que são na realidade milhares e milhares de gnus na sua migração sazonal... Por vezes estamos lá no alto e admiramos a magnificiência da savana africana em todo o seu esplendor, noutras, fazemos vôos razantes e admiramos os gnus, zebras, girafas, elefantes e tantos outros animais que transformam Masai Mara numa das mais vibrantes zonas de vida selvagem do mundo!


Alguns beliscões mais tarde, certificando-nos que não vivíamos um sonho, acompanhados de umas fotos que também comprovam que estávamos bem acordados, e que diga-se não fazem jus à sublimação do momento, esperáva-nos um momento radical para contrapor com a tranquilidade do vôo: a aterragem...
Não me recordo qual foi o tempo de vôo, parece-me que terão sido umas 2 horas, embora nos tenham parecido alguns minutos, tal a satisfação com que o fizemos. No final, começámos a avistar o local onde estava a ser preparado o nosso pequeno almoço em plena savana, estando no local as carrinhas que transportaram os balões de manhã cedo. Foi inevitável começar a dissertar, como seria a aterragem e na nossa cabeça, dada a calmaria da viagem, imaginámos logo que o piloto com toda a sua perícia e experiência demonstrada ao longo da viagem, faria uma manobra certeira, colocando os cestos directamente em cima das carrinhas. "bem, se calhar estamos a exagerar, ele aterra calmamente ao lado dos cestos e depois colocam-nos em cima das carrinhas, não achas?"
Estávamos nós nestas dissertações na maior tranquilidade quando o até então pacato piloto, grita a plenos pulmões: "EVERYBODY SIT DOWN IN THE BOTTOM OF THE BASKET!!! EVERYBODY SIT DOWN!!!"

Parecia que tinha tocado a sirene dos bombeiros! Ficámos todos incrédulos, nós porque não entendíamos a razão de termos de nos sentar "Sentar no cesto? mas para quê? o bife enlouqueceu!" e os japoneses, porque perceberam que alguma coisa não estaria bem, mas não percebiam patavina de inglês!!!
Ao vermos que nos aproximávamos a grande velocidade e perigosamente de terra, mais convencidos ou menos convencidos lá nos sentámos todos no último instante preparados para sentir um grande impacto quando no derradeiro momento o piloto puxa uma corda que faz levantar um pouco o balão evitando desta forma o impacto com o chão!

Continuamos no entanto a uma velocidade considerável num võo razante a terra e começamos a ouvir o roçar do cesto na erva alta e imediatamente no chão! Muitos metros à frente e depois de darmos uns bons saltos ao arrastarmo-nos pelo chão, acompanhanhando o relevo do terreno, lá conseguimos diminuir consideravelmente a velocidade para no último momento o cesto virar e ficarmos todos perfeitamente surpreendidos e "pendurados" no cesto "semi-capotado"!

Depois de saltarmos todos para o chão, uns com mais facilidade do que outros (deviam lá estar pessoas com sessentas e tais), todos nos rimos com a situação depois de termos entendido que esta seria a técnica comum de aterrar os balões, mas na realidade estávamos todos aliviados, sem que ninguém o quisesse demonstrar, porque há alguns minutos atrás, aposto que ninguém conseguiu evitar pensar que algo teria corrido mal com o nosso balão! Acabou-se o gás!

Depois de todas estas emoções fortes, nada melhor do que um típico pequeno almoço à inglesa, com a particularidade de tomarmos um aperitivo de champagne. Uma excentricidade a fazer lembrar outros tempos e embora não sejamos adeptos incondicionais destes luxos, achámos que as emoções que tínhamos vivido tinham sido de luxo e por isso porque não?

Até porque a verdadeira emoção daquele pequeno almoço era estarmos em plena savana e há medida que comíamos éramos observados por alguns gnus que se encontravam a escassas dezenas de metros de distância!
O que se aprende imediatamente num safari é que é totalmente proibido sair do jipe ou da carrinha, seja porque motivo for! Somos avisados por todos logo à partida, sempre com uma estória real de uma qualquer desgraça que aconteceu, sendo típica aquela dos japoneses, que acharam os leões tão fofinhos, pareciam peluches, que saíram todos a tirar fotografias sendo imediatamente devorados! Estórias verdadeiras ou não, mitos ou não à parte, a verdade é que vimos com os nossos olhos várias vezes paisagens de quilómetros intermináveis onde não de via vivalma, para a alguns escassos metros à frente, ver grupos de leões escondidos na erva alta da savana! Já para não falar das cobras que também chegámos a ver a atravessar os trilhos...
Ou seja, o pequeno almoço tinha no menú a adrenalina própria de se estar a pé na savana, e embora o sentimento fosse de que se estávamos ali era porque "eles" sabiam o que estavam a fazer, confesso que não consegui evitar olhar para todos os lados e verificar que estávamos a salvo dos predadores!

Acabado o repasto retemperador, partimos nas carrinhas que já nos esperavam para um apetecido safari matinal.

Ficam aqui alguns registos da emoção de estarmos ali no a viver o que de mais puro existe: a vida selvagem!
Mas o dia seria profícuo em emoções fortes e estas seriam para continuar...

1 comentário:

Delfim disse...

Este passeio de balão deve mesmo ser um espectáculo!!!