domingo, 2 de fevereiro de 2014

Lombok, emoções fortes...

A capital de Lombok não tem um nome propriamente muito hospitaleiro: Mataram…

Ao estilo do nome da capital, também as pessoas por aqui, não sendo desagradáveis, estão longe da simpatia e hospitalidade dos balineses.

Lombok é frequentemente designada como a “nova Bali”, no intuito de aproveitar a sua mundialmente famosa ilha vizinha, mas honestamente, está muito longe de o ser…

É ao contrário de Bali, uma ilha muito mais árida.

Por ser muçulmana, perde também o exotismo e o misticismo dos rituais hindus e claro é difícil bater a simpatia dos balineses…

Por outro lado tem o atrativo de ser praticamente inexplorada e fora da rota do turismo de massas, o que só por si, será um ponto a favor, garantindo-nos uma verdadeira visita de “evasão” que nos permite “intrometermo-nos” na alma de lombok e dos seus habitantes ainda não “contaminada” pelos efeitos nefastos do turismo de massas…

Para além disso, Lombok também tem os seus pontos fortes, não tantos como Bali, mas porque haveremos de aceitar esta comparação? Vamos esquecê-la, porque os pontos fortes de Lombok, sãotambém eles muito bons!

Ficámos no Holiday Inn em Sengigi, e acabados de chegar ao hotel, sentámo-nos a almoçar na esplanada junto à praia, onde travámos conhecimento com um simpático casal de italianos que estavam já de partida.




Este encontro revelar-se-ia providencial para o prazer que retirámos da nossa viagem em Lombok, porque para além de partilharem connosco as suas experiências e de nos darem alguns conselhos fundamentais, indicaram-nos um rapaz com quem tinham andado pela ilha, que se oferecia como guia  e andava a vender os seus serviços de guia na praia em frente ao hotel.

Despedimo-nos dos simpáticos italianos e ultrapassada aquela natural hesitação inicial, partimos ao encontro do Echo, o tal rapaz, com quem marcámos de imediato uma visita às ilhas Gili que já estavam referenciadas por nós como local imperdível e confirmadas também pelos italianos.

O Echo explicou-nos que apanharíamos um daqueles barcos tradicionais que víamos na praia (felizmente a Xana não percebeu) e seguiríamos para as 3 ilhas que compõem o pequeno arquipélago, começando pela Gili Trawagan, seguindo para a Gili Meno e acabando na Gili Air.

O principal objectivo seria para além do idílico cenário de uma praia numa ilha quase deserta tropical, o snorkeling, que segundo ele era muito bom! Estava garantido o contacto com tartarugas e com uma intensa diversidade de peixes tropicais…

Sempre que oiço este tipo de coisas, e uma vez que por várias vezes se goraram as expectativas, dou um bom desconto, porque a tendência nestas coisas, especialmente para quem está a “vender” é exagerar… Como estava enganado…

Passámos o resto da tarde na piscina do hotel. A Xana quis aproveitar as sempre maravilhosas massagens orientais e depois de optar por uma “strong”, lá passou “dolorosamente” para a “médium” até chegar finalmente à relaxante “light massage”…

Eu fiquei a relaxar na piscina do hotel onde mais tarde, já com a Xana de volta, seríamos surpreendidos por uma situação comovente e que recordaríamos para sempre…

Um funcionário do hotel chegou à zona da piscina anunciando que iriam “devolver” ao mar uma série de tartarugas bebé e que estávamos todos convidados a participar na “cerimónia”!

Não foi preciso repetir e em menos de nada já se formava um extenso grupo carregado de entusiasmo com esta inusitada iniciativa!

Recebemos um briefing sobre tartarugas, que mais do que nos informar sobre alguns fenómenos relacionados com as mesmas, uma vez que já sabíamos muitos, teve o condão de nos embalar numa “história de encantar” que é essa maravilha da natureza da persistência e sobrevivência das tartarugas.

É difícil não nos apaixonarmos por estas criaturas tão simpáticas e de nos comovermos com a sua história que começa da maneira mais brutal e cruel num buraco, enterradas na areia com centenas de irmãs que numa corrida desenfreada procuram desesperadamente fugir às fatalidades dos seus predadores (sendo que o principal é o Homem) e chegar ao mar, o seu primeiro porto de abrigo.

As que conseguem, têm pela frente um imenso oceano desconhecido para enfrentar sozinhas e é preciso não esquecer que não são maiores que uma maçã…

Haja o que houver e se forem das poucas sobreviventes, as fêmeas, por força de mais um desses inexplicáveis milagres da Natureza, lá voltarão, anos passados, à praia onde nasceram para reproduzir mais uma vez este milagre… Fascinante não?

Como a extinção das tartarugas, começa a tornar-se uma realidade, aqui como noutros locais onde existem tartarugas, com o intuito de aumentar a probabilidade de sobrevivência das tartarugas, estas são recolhidas assim que os ovos eclodem e colocadas num viveiro para que cresçam mais um pouco e enfrentem o oceano com mais “vigor”…

Foi neste contexto emocionante que nos deram a cada um, um recipiente com uma destas magníficas criaturas para que as colocássemos na beira mar!






É um sentimento estranho. Parece até cruel, largar ao mar, ao perigo e ao desconhecido uma criatura tão frágil… É um sentimento quase infantil , mas não conseguimos evitar…

Foi com alguma renitência que a Xana largou a “sua” tartaruga, não tenho dúvidas que lhe passou pela cabeça levá-la para casa J

Ao mesmo tempo é de enaltecer todos estes contributos de pessoas esforçadas e apaixonadas pela conservação da natureza e alivia-nos neste momento, que as hipóteses de sobreviverem será maior!

É verdadeiramente fantástico o instinto! Assim que tocam naquela pequena lâmina de água, parece acender-se um rastilho e podemos vê-las com “asas” nas patas em direcção ao alto-mar!

Boa sorte! Espero que voltem… (A minha parecia querer ficar J não lhe auguro grande futuro…)

No capítulo das emoções fortes, terminou o dia, sendo que o dia seguinte não seria menos mágico…

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