quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Singapura, zoo e despedida...

Para o último dia, deixámos o Zoo de Singapura.

Para além de sermos fãs de jardins zoológicos, o de Singapura é especial.

Está localizado numa densa floresta tropical, fazendo fronteira com um rio, o que lhe dá um aspecto pitoresco e bem integrado.

Quando entramos aqui, estamos "dentro" da natureza.

Este zoo, é mundialmente famoso, por ter sido dos primeiros a conceber um jardim zoológico sem jaulas ou muros.

O objectivo é "apresentar" os animais no seu habitat natural dentro do possível, e o que posso dizer, é que é verdadeiramente espectacular o trabalho feito por aqui!

Não tenho absolutamente nada a apontar, tudo está pensado ao pormenor, está tudo bem feito e com bom gosto e ao estilo moderno de "parque de diversões" com inúmeros espectáculos envolvendo os mais variados animais...


Os inúmeros prémios internacionais arrecadados pelo Zoo de Singapura, são também fruto do empenho na preservação de espécies uma vez que possuem aqui muitas espécies em risco de extinção.

Vimos animais verdadeiramente raros, como os tigres albinos ou os dragões de Komodo.


Têm aqui a maior comunidade de orangotangos em cativeiro, se bem que parecem não nos ligar muito :-)



Têm espectáculos com orangotangos e elefantes, mas o melhor mesmo é toda a envolvento que proporcionam um dia bem tranquilo e relaxante, se tivermos a oportunidade de passar assim um dia sem preocupações...

Para nós, que estávamos no último dia de viagem, foi ouro sobre azul...









Outra grande atracção do Zoo é o Safari nocturno. A fama é grande. Quem sabe quando regressarmos a Singapura...

É o fim desta viagem, que nos abriu os olhos para um país fantástico como é a Indonésia, que nos deu de "búnus" Singapura, um Hub fantástico para fazer umas boas escalas...

Adeus Indonésia, Java,Bali e Lombok! Yokyakarta, Borobudur, Prambanan, mercado dos pássaros, Tanah lot, as danças, os templos e as maravilhosas paisagens, Uluwatu e Ubud... O paraíso das Gili em Lombok, Kuta...

Apertam já as saudades, mas mais uma vez, o que levamos connosco, na nossa galeria de memórias será algo que nunca esqueceremos e isso é o nosso baú... O nosso tesouro que vamos construindo e que quanto mais construímos nos parece cada vez mais incompleto...

Até sempre Singapura!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Singapura, a multiculturalidade...

A chegada a Singapura, é como regressar à civilização e a tudo aquilo que estamos habituados a nível de conforto, mas com um clima 100% tropical e com todo o exotismo oriental e multicultural que Singapura ostenta.

Singapura, fez a união perfeita entre a multiculturalidade que é um ex-libris desta cidade-estado, unindo a cultura chinesa, os muçulmanos árabes e os indianos hindus na perfeição juntamente com todo o desenvolvimento high-tech típico de uma grande metrópole como é o caso de Singapura.

Para nós é um regresso, após termos estado aqui antes de seguir para a Indonésia. Não ficámos surpreendidos desta vez, porque já tínhamos ficado muito bem impressionados da primeira.

Na primeira visita, conhecemos toda a cidade "nova" e a chinatown e deixámos a Arab Street e a little India para esta visita.

Pelo que vimos da china town na primeira visita, a nossa expectativa era muito positiva relativamente ao que poderíamos encontrar aqui. E cumpriu-se a expectativa.

Quando chegámos, tivemos apenas um pequeno contratempo que foi a chuva tropical intensa que se fez sentir na primeira manhã. Abortámos os planos que tínhamos de sair e ficámos mesmo no hotel, tal era o dilúvio.

Depois lá saímos e fomos imediatamente para a Arab Street através do eficiente metro de Singapura.

Chegámos à Arab Street e a sensação foi a mesma que tivemos na china town! Espectáculo! Tudo impecavelmente limpo e arranjado. Tudo feito com bom gosto. Era apenas uma rua, era tudo bastante pequenino, mas estava tudo no seu sítio e bem enquadrado.

A rua começava na imponente mesquita que tivemos a oportunidade de visitar.





Á sua frente nascia a Arab Street com comércio tradicional, restaurantes e bares para matar saudades de umas tagines!





Tudo arranjadinho, tudo direitinho, tem piada, parece um upgrade aos locais originais onde reina normalmente a confusão!

Depois fomos para a little Índia. Aqui, podemos dizer com toda a confiança, é a zona que mais se assemelha aos originais :-) Aqui já temos um caos mais típico nos milhares de lojas e "tascas" que já têm um ar mais sujo.

Aqui foi engraçado ver a verdadeira fixação que os indianos têm pela maior indústria de cinema do mundo: Bollywood!

A cada esquina, um televisor, com dezenas de pessoas a assistirem à sessão! Galãs de brilhantina e modelos esculturais com vestidos de gola alta cheios de brilhantina desfilam a cada esquina...

Os templos parecem nascer a cada esquina com as representações realistas da estatuária hindu.



Dezenas de telhados ornamentados, não deixam esquecer que estamos mesmo em plena Little India, o cheiro a caril também não...

Nas imediações de um templo, quase que nos atirámos para o chão, com o estrondo que parecia ser o de um tiro ao nosso lado!

Assustados e sem entendermos bem o que se passava, percebemos com dificuldade depois de ouvirmos mais 2 ou 3 tiros, que estávamos perto da entrada do templo, onde existia um poço, para onde eram lançados como oferenda uns cocos! Pela aparência, diria que havia um prémio para quem atirasse o coco com mais força...

Nesta altura, já o cérebro se começava a enrolar com os mantras que íamos ouvindo, naquelas ladaínhas e sons repetitivos, que parecem querer hipnotizar-nos e deixar-nos por ali a flutuar entregues à meditação...

As orações assemelhavam-se ao ritmico mantra budista tibetano "Om Mani Padme Hum", o coro de vozes que ía aumentando o volume à medida que nos aproximávamos, tornava-se lentamente num som cavo e oco, que parecia querer sugar o nosso discernimento, desconcentrando-nos... A nuvem de incenso adensou-se e nesta névoa sufocante onde parecia que se nos tolhiam todos os sentidos, lá levávamos mais um "tiro" de coco para ajudar à festa...

O ambiente era incrível, era tântrico, místico, uma "pedrada" no charco, gratuita... Posso com toda a certeza garantir, que fomos salvos do local, por um dragão, cor de rosa, bem simpático, que falou connosco em português e que me acendeu o cigarro lançando chamas pela boca...



Depois desta visita e de termos "acordado" de novo no meio da Little India, entendi o que Mao queria dizer que a religião é o ópio do povo :-)

Grande visita, Singapura é verdadeiramente um local cheio de experiências e oportunidades. É um aglomerado de sensibilidades e tradições.

Tínhamos ainda um jantar cruzeiro num junco chinês, que já estava marcado há algum tempo!

A descrição que vimos do jantar, motivou o transporte ao longo de todos estes dias de uma camisa, umas calças e uns sapatos. Afinal, não queríamos estragar o "casual smart" da indumentária exigida...

Não seria a primeira vez, que era barrado num evento "casual smart" onde as minhas havaianas e calções não causaram a impressão esperada :-)

Assim sendo, e até porque o hotel tinha uma tábua de engomar lá nos pusemos a engomar tudo bem engomadinho. 

Depois de um imenso trabalho para tentar recuperar a nossa roupa totalmente amassada e maltratada com tantos dias no fundo da mala, lá saímos todos aprumadinhos...

Quando chegámos, não levámos muito tempo a entender, que o nosso jantar cruzeiro tinha sido "raptado" por uma excursão de japoneses (que parece que estão proibidos de viajar em grupos inferiores a 100 pessoas :-)) que claramente se tinham esquecido do "casual smart"!

Éramos nitidamente os patinhos! tudo de t-shirt e chinelas... 




O jantar foi bom e o momento bem relaxante!

Viajámos por toda a baía de Singapura, com boa comida chinesa e música a acompanhar e o melhor de tudo, para além da companhia claro, era a paisagem, que ganha aquela magia nocturna que até a mim me encanta nas grandes metrópoles!


Ficámos a flutuar à deriva, desta vez com menos transe, mas entre uns brindes do mundialmente famoso Singapore Sling...

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Lombok, Kuta, a outra...

A "excursão" às Gili, tinha corrido tão bem com o Echo, que resolvemos ir também com ele no dia seguinte dar uma volta pela ilha.

Segundo ele, a seguir às Gili, o ponto mais alto seria a praia de Kuta, homónima da sua irmã balinesa mundialmente famosa.

Aproveitaríamos o caminho, para ver as vistas e fazer uma paragem no Taman Narmada, cuja tradução para inglês, se transformava num muito apelativo "Water castle and gardens!".

É no fundo um templo do século XVIII que pretende reconstituir a subida à montanha mais alta da ilha e segunda da Indonésia, o Monte Rinjani e claro, local sagrado como todas as altas montanhas da Indonésia! Afinal é lá o domínio dos Deuses...

O parque é interessante, apesar de tudo, bem cuidado, onde os jardins, os complexos de piscinas e o rio, permitem uma visita agradável.





Seguimos viagem para o Sul, onde se encontra a praia de Kuta.



É uma praia de uma beleza assinalável! Para além disso, o primeiro impacto foi extraordinário quer pelo azul turquesa da água, quer pelo facto de estarmos totalmente sozinhos!



Ninguém!

Para além de alguns locais a tentarem vender bugigangas no parque de estacionamento, na praia não estava absolutamente ninguém!

Passado um tempo, uma Australiana que por alí apareceu (não consegui nunca perceber de onde) para aprender a surfar, veio ter com a Xana para lhe pedir se podia guardar a máquina fotográfica por alguns instantes.

Eu entretanto divertia-me a fazer umas carreiradas nas boas ondas da praia, fazendo parecer à Australiana que seria um surfista e que talvez a pudesse ensinar alguma coisa :-) Nunca fiz surf, mas para as carreiradas, ali as praias de Peniche foram uma excelente escola pelos vistos :-)



A paisagem era fantástica, mas acabou por ser aqui que tivemos mesmo assim o episódio mais desagradável em toda a Ásia...

Passado algum tempo apareceu um local chato, muito chato, a meter conversa e a querer à força que lhe comprássemos alguma fruta que tinha para vender. A nossa primeira reacção até foi logo de lhe comprar, mas depois de ver a faca suja e ferrugenta com que pretendia arranjar-nos os ananases, desistimos imediatamente da ideia.

A partir daí, sentado ao nosso lado, depois de lhe pedirmos várias vezes e educadamente para sair, ficou por alí, com uma conversa estúpida e intimidadora com a faca e algumas alusões à faca...

Nós sabemos que as pessoas são miseráveis e depois de pensar um pouco naquilo, que não foi nada por aí além, concluímos, que com tão pouca gente a passar por ali, o desespero apodera-se das pessoas que vêm nos escassos turistas que ali passam, a sua oportunidade, provavelmente até da sua sobrevivência.

Se pudesse voltar atrás, se calhar, teria feito as coisas de outra forma, embora tivéssemos toda a razão, por vezes há que pensar um pouco mais além...

Tirando este episódio passageiro, fizemos aqui uma bela praia!


Depois de sentirmos que já tínhamos absorvido e relaxado tudo, levantámo-nos e logo apareceu o Echo para irmos até ao carro.

Parámos no caminho para comer uns fritos de rua (fritos raramente dão intoxicação alimentar) e ficámos abismados com a capacidade que o echo tinha para comer umas malaguetas bomba, verde alface, que eu só de partir uma ao meio e encostá-la na língua, tive a sensação de ter colocado a língua na tomada...

Comia 2 malaguetas por frito, o que para mim dava no mínimo para ser internado durante uma semana!

Ao falarmos das gastronomias orientais e ocidentais (a nossa), queixava-se ele que a nossa não tinha sabor :-) Obrigado, a comer malaguetas assim, a nossa comida só poderia ser para ele sensaborona!

Também me parece que não será por acaso que nos confidenciou mais à frente que sofria de alguns problemas gástricos... Porque será?

Seguimos caminho e acabámos por fazer uma paragem num centro comercial que existia no caminho. Para eles, um centro comercial é um acontecimento, nos primórdios do desenvolvimento lá ir é quase um sinónimo de status quo... Não quisemos fazer a desfeita ao Echo e lá fomos.

Houve ali um choque cultural intenso. Uma vez que vínhamos da praia, íamos obviamente em trajos menores, só que lá está, estavamos num país muçulmano, numa região afastado do desenvolvimento e logo conservadora e retrógrada...

A Xana, foi devorada com os olhos por quase todos aqueles muçulmanos, que raramente deviam ver uma mulher branca, quanto mais de mini saia e top!

A visita foi rápida, a Xana desta vez não gostou de ir às compras :-) 

Notámos numa característica no Echo, o nosso guia, que se revelou um verdadeiro profissional. Ele deixáva-nos nos locais e desaparecia, deixava-nos totalmente à vontade sem nunca interferir na nossa privacidade e na nossa experiência. Mas assim que nos levantávamos, se procurasse por ele, lá estava ele a acenar e a perguntar se precisávamos de alguma coisa!

Aliás, a experiência que o Echo nos proporcionou, foi muito além de ser o nosso guia e de nos levar aos locais certos.

Nisso ele fez o melhor tenho a certeza, para além da experiência fantástica que nos proporcionou no dia anterior nas Gili Islands, e de hoje nos trazer à melhor praia de Lombok foi também um contador de histórias e estórias. Foi um guia completo.

Mas para além disso, o Echo era um tipo mais diferenciado, e notava-se que era um tipo inteligente, que tentava não apenas sobreviver, mas sim viver com as escassas condições que tinha à mão.

Trocámos muitas impressões e experiências durante esta viagem e aprendemos muito, mesmo muito da cultura do povo aqui, quer das tradições centenárias, quer do dia a dia.

Ele aprendeu também muito, e a sua curiosidade era intensa acerca do nosso modo de vida, do que fazíamos e fez muitas perguntas. Ficou escandalizado quando eu lhe disse que morava na casa que o avô da Xana nos tinha disponibilizado e disse com um orgulho intocável " - Eu não quis aceitar o dote da minha mulher e fiz a nossa própria casa...". Achei este pormenor delicioso, porque éramos todos da mesma idade, percebia-se que o Echo era um tipo esperto, mas a nossa cultura é verdadeiramente o que nos molda e as tradições são mesmo arreigadas, mesmo quando não as percebemos...

O Echo, trabalhava no hotel onde estavamos hospedados, o Holiday inn, e fazia todo o tipo de trabalhos, desde recepcionista até empregado do restaurante a lavar pratos ou casas de banho. Chegava a trabalhar 16 horas por dia para ganhar o equivalente a 1 euro por dia...

Quando pensamos e somos confrontados com estas realidades, não conseguimos deixar de pensar que na realidade por mais que arranjemos defeitos no nosso país e nas nossas vidas, somos na realidade uns sortudos sem o sabermos, porque temos oportunidades que mais de 90% da população mundial não tem...

Nós podemos dar-nos ao luxo de sermos curiosos com os outros povos, isto enquanto eles tentam apenas sobreviver...

Como o Echo era um tipo esperto, rapidamente percebeu, que com a miséria que ganhava, era fácil ganhar muito mais, não trabalhando no hotel, mas sim oferecendo serviços aos seus clientes de forma independente!

E é verdade, em apenas um dia, cobrava 25 euros o que era para nós barato, e ele ganhava praticamente o mesmo que num mês de trabalho!

Boa sorte Echo, tenho a certeza que te vais safar!

Mais uma vez o circulo se fechava, onde a nossa vida ficaria marcada mais uma vez, pelos locais e pelas pessoas que conhecemos. O Echo, Kuta, as tartarugas e o paraíso das Gili ficariam gravados em nós, no constante enriquecimento que sentimos enquanto viajamos!

Adeus Lombok, até mais!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Gili Islands, o paraíso à espreita...


Há dias que jamais esqueceremos, este será um deles!

Embora reprimíssemos um pouco as nossas expectativas, ao pequeno almoço já era evidente o nosso estado de excitação para o que nos esperaria nesse dia!

A juntar a tudo o que já tínhamos lido ao relato dos italianos, por mais pessimistas que fôssemos, algo de muito bom haveria de existir! Afinal a aventura começava logo na viagem de barco tradicional até às ilhas Gili, ao longo de toda a costa oeste de Lombok! O busílis foi quando percebi na conversa da Xana, que ela não tinha entendido em que “embarcações” é que íamos viajar… 

Quando tentei dizer-lhe suavemente que talvez não fosse uma “embarcação muito sofisticada” saiu-lhe logo “ – Se for naquelas cascas de noz em forma de aranhiço não vou!”

Como é que eu ía explicar que os “aranhiços” esperavam por nós…



Tomei a melhor opção! Optei pela covardia e não disse nada J

Afinal se contasse, corria o risco de nem chegar à praia e esta aventura eu não queria mesmo perder!

Pelo caminho fui optando pelo “ – Não deve ser, mas se for até era giro!”

Foi com o terror estampado na cara que a Xana encarou o aranhiço quando chegámos à praia, com o sorridente Echo a convidá-la para subir…

As minhas desesperadas tentativas para convencer a Xana “ – Bora lá! Vais ver que é óptimo!” surtiram algum efeito porque a Xana num assomo de coragem saltou lá para dentro!

Bem agora era aproveitar antes que fosse tarde, eu o Echo e mais uns tantos pescadores empurrámos o aranhiço para dentro de água e saltámos lá para dentro!

Agora era o que Deus quisesse, já não havia nada a fazer! Literalmente embarcámos nesta aventura! A tripulação era escassa, para além de nós, o Echo munido de equipamentos de snorkeling para todos e o piloto. Era certo que estávamos a caminho do Paraíso, mas a Xana ainda teria de passar primeiro pelo purgatório J

O aranhiço com o seu motor ecológico J, era surpreendentemente estável. Os troncos que lhe conferiam aquela aparência eram high tech, aplacando o balanço do barco e lá fomos seguindo com aquela paisagem deslumbrante da costa completamente virgem até nos separarmos da ilha de Lombok para apontarmos ao mar-alto rumo às Gili perdidas no meio do oceano.



As Gili são na realidade 3 atóis (as melhores praias do mundo são quase sempre atóis!). Gili Trawagan, Gili Meno e Gili Air, por esta ordem de grandeza e também da nossa visita.

À medida que nos aproximámos das ilhas, percebemos imediatamente que aqui sim, teríamos praias verdadeiramente paradisíacas à nossa disposição! Vegetação luxuriante, areia que por ser de coral é bem rija e branca, conferindo aquela fabulosa tonalidade turquesa aos baixios junto à costa que felizmente era pontilhada de centenas de corais que albergavam uma divinal vida subaquática!



Chegámos ao paraíso!

Desembarcámos na Gili Trawagan onde não existem veículos motorizados, sendo todo o transporte de pessoas e mercadorias realizado por uns castiços carros de bois.

Havia um conjunto de pequenos hotéis e bungalows que permitem uma estadia mais prolongada neste pedaço de éden… (como gostaria de ter ficado!)


Depois de um pequeno passeio na ilha para absorver calmamente tudo o que nos rodeava, voltámos à praia para o tão aguardado snorkeling! A Xana nesta altura ainda não se sentia confortável com o snorkeling e por isso ficou “apenas” a disfrutar de uma praia idílica J

O Echo já tinha explicado que a vida marinha aqui era bastante abundante, já que entre esta ilha e a ilha em frente, a Gili Meno, passa um canal carregado de nutrientes na corrente marítima.

Disse que depois iríamos mergulhar na ilha em frente, a Gili Meno, onde seguramente avistaríamos tartarugas!

Assim que coloquei a máscara dentro de àgua, senti-me uma criança a entrar na terra da fantasia!

A explosão de cor, a variedade de corais, a quantidade de peixes multicolores e os seus reflexos, a adrenalina… Parecia uma imagem saída do meu desejo, como se de um sonho se tratasse, e não uma imagem real como de facto era!

Ainda mal refeito da emoção, já o Echo me apontava para uma tartaruga que no seu ritmo pachorrento, deslizava junto aos corais!

Que visão extraordinária! Pela primeira vez via uma tartaruga dentro de água! Ainda ontem lançava uma ao mar e já hoje acompanhava uma das suas ancestrais! Era perfeitamente audível o som provocado pelas trincas nos corais…

A liberdade que se sente no snorkeling, é algo de extraordinário, e aqui ainda mais. O sentimento misto de excitação, pelo cenário, pelas cores, pelos movimentos e também pela adrenalina e o receio constante de um encontro com um tubarão tanto desejado como temido!

A ausência de gravidade provoca-nos uma letargia libertadora. Flutuando ao sabor da corrente vou vendo peixes palhaço que nos olham através das anémonas, peixes papagaio, peixes agulha, e uma miríade de peixes de todas as cores que nos ofuscam com os reflexos quase florescentes provocados pelo seu movimento ritmado.

Estava eu completamente e literalmente mergulhado neste cenário surreal, quando o Echo me aparece com um peixe na mão!

Era um desgraçado de um peixe balão, que lentamente foi inchando, mais do que triplicando o seu tamanho, dando razão ao seu nome! De repente tínhamos ali um balão com umas minúsculas barbatanas dorsais e uns olhos esbugalhados que lhe conferiam um ar cómico. Quando o Echo o largou, lá foi o peixe "vazando" o balão, com a sensação de se ter livrado destes predadores...

Após alguns mergulhos neste local, seguimos de barco para o meio do canal entre as 2 ilhas, Gili Trawagan e Gili Meno para fazermos mais um mergulho fenomenal!



A minha excitação era total, e ao partilhá-la com a Xana, soube mais tarde que estive quase quase a convencê-la a vir comigo! A vontade dela quase que suplantou o receio e foi por pouco. Era só insistir mais 
um bocadinho!


Ela ficou no barco, e eu lá fui seguir algumas tartarugas verdes e tartarugas de couro, achando sempre que sonhava acordado...
O plano era seguir para a costa da Gili Meno, onde nos esperavam umas palhotas para almoçarmos, confortavelmente sentados entre almofadas... 


É difícil descrever a felicidade de estar no meio do mar, após todo o espetáculo subaquático, e olhar para uma ilha tropical, com uma praia fantástica, deserta e com águas cristalinas, onde nos espera um almoço tranquilo numas palhotas autênticas, muito tribais e carregadas de simbolismo onde meia dúzia de privilegiados chegam com o sentimento de estarem a viver um dos dias mais felizes das suas vidas!



Algum marisco depois, vamos dar uma volta à ilha, seguindo pelas suas margens onde praias desertas nos recebem de braços abertos. Vamos pisando a dura areia branca e passamos por autênticos cemitérios de corais que vão dando à costa...


Vemos aqui e ali,crianças dando largas à sua alegria, sem que saibam que vivem num paraíso natural...



Sabemos que estamos num dos melhores cenários de praia por nós vividos e aproveitamos cada momento...

Mais para o meio da tarde, voltamos ao nosso aranhiço, para visitar a última e a mais pequena das ilhas, a Gili Air, que mantém inegavelmente todos os atributos das suas irmãs!



Aqui, a Xana rendeu-se aos encantos do Snorkeling e veio comigo pela primeira vez experimentar este autêntico vício, que felizmente também se apoderou dela e que tantos momentos fascinantes nos proporcionou depois desta sua primeira experiência!

De mão dada a flutuar, lá seguimos, perante o espanto e a incredulidade da Xana. Também ela não queria acordar daquele sonho...

Pela primeira vez viu a magnitude daquele espetáculo! Ultrapassado o medo e as dificuldades com a respiração e o tubo, nunca mais falhou uma "snorkeling trip" -)


Exaustos mas felizes, partimos contrariados no nosso aranhiço de volta a Lombok! Nem o susto que apanhámos no regresso, já quase na praia do nosso hotel onde uma onda inesperada quase conseguiu voltar o aranhiço, foi suficiente para estragar o dia.

Apoderou-se de nós o silêncio, o silêncio contemplativo daquela paisagem que queríamos registar de forma inesquecível nas nossas memórias...



Um silêncio quase incomodado. Envergonhado pela felicidade transbordante que sentíamos... Era maior do que merecíamos, do que sonháramos... Silêncio... Fica para nós guardado nos registos dourados das nossas experiências... o nosso tesouro... a nossa Vida...

Não precisamos falar, uma mística telepatia, só alcançável nos grandes momentos encarrega-se do diálogo entre nós...

São dias destes que nos preenchem, que nos fazem sentir livres e com um Mundo inteiro para descobrir!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Lombok, emoções fortes...

A capital de Lombok não tem um nome propriamente muito hospitaleiro: Mataram…

Ao estilo do nome da capital, também as pessoas por aqui, não sendo desagradáveis, estão longe da simpatia e hospitalidade dos balineses.

Lombok é frequentemente designada como a “nova Bali”, no intuito de aproveitar a sua mundialmente famosa ilha vizinha, mas honestamente, está muito longe de o ser…

É ao contrário de Bali, uma ilha muito mais árida.

Por ser muçulmana, perde também o exotismo e o misticismo dos rituais hindus e claro é difícil bater a simpatia dos balineses…

Por outro lado tem o atrativo de ser praticamente inexplorada e fora da rota do turismo de massas, o que só por si, será um ponto a favor, garantindo-nos uma verdadeira visita de “evasão” que nos permite “intrometermo-nos” na alma de lombok e dos seus habitantes ainda não “contaminada” pelos efeitos nefastos do turismo de massas…

Para além disso, Lombok também tem os seus pontos fortes, não tantos como Bali, mas porque haveremos de aceitar esta comparação? Vamos esquecê-la, porque os pontos fortes de Lombok, sãotambém eles muito bons!

Ficámos no Holiday Inn em Sengigi, e acabados de chegar ao hotel, sentámo-nos a almoçar na esplanada junto à praia, onde travámos conhecimento com um simpático casal de italianos que estavam já de partida.




Este encontro revelar-se-ia providencial para o prazer que retirámos da nossa viagem em Lombok, porque para além de partilharem connosco as suas experiências e de nos darem alguns conselhos fundamentais, indicaram-nos um rapaz com quem tinham andado pela ilha, que se oferecia como guia  e andava a vender os seus serviços de guia na praia em frente ao hotel.

Despedimo-nos dos simpáticos italianos e ultrapassada aquela natural hesitação inicial, partimos ao encontro do Echo, o tal rapaz, com quem marcámos de imediato uma visita às ilhas Gili que já estavam referenciadas por nós como local imperdível e confirmadas também pelos italianos.

O Echo explicou-nos que apanharíamos um daqueles barcos tradicionais que víamos na praia (felizmente a Xana não percebeu) e seguiríamos para as 3 ilhas que compõem o pequeno arquipélago, começando pela Gili Trawagan, seguindo para a Gili Meno e acabando na Gili Air.

O principal objectivo seria para além do idílico cenário de uma praia numa ilha quase deserta tropical, o snorkeling, que segundo ele era muito bom! Estava garantido o contacto com tartarugas e com uma intensa diversidade de peixes tropicais…

Sempre que oiço este tipo de coisas, e uma vez que por várias vezes se goraram as expectativas, dou um bom desconto, porque a tendência nestas coisas, especialmente para quem está a “vender” é exagerar… Como estava enganado…

Passámos o resto da tarde na piscina do hotel. A Xana quis aproveitar as sempre maravilhosas massagens orientais e depois de optar por uma “strong”, lá passou “dolorosamente” para a “médium” até chegar finalmente à relaxante “light massage”…

Eu fiquei a relaxar na piscina do hotel onde mais tarde, já com a Xana de volta, seríamos surpreendidos por uma situação comovente e que recordaríamos para sempre…

Um funcionário do hotel chegou à zona da piscina anunciando que iriam “devolver” ao mar uma série de tartarugas bebé e que estávamos todos convidados a participar na “cerimónia”!

Não foi preciso repetir e em menos de nada já se formava um extenso grupo carregado de entusiasmo com esta inusitada iniciativa!

Recebemos um briefing sobre tartarugas, que mais do que nos informar sobre alguns fenómenos relacionados com as mesmas, uma vez que já sabíamos muitos, teve o condão de nos embalar numa “história de encantar” que é essa maravilha da natureza da persistência e sobrevivência das tartarugas.

É difícil não nos apaixonarmos por estas criaturas tão simpáticas e de nos comovermos com a sua história que começa da maneira mais brutal e cruel num buraco, enterradas na areia com centenas de irmãs que numa corrida desenfreada procuram desesperadamente fugir às fatalidades dos seus predadores (sendo que o principal é o Homem) e chegar ao mar, o seu primeiro porto de abrigo.

As que conseguem, têm pela frente um imenso oceano desconhecido para enfrentar sozinhas e é preciso não esquecer que não são maiores que uma maçã…

Haja o que houver e se forem das poucas sobreviventes, as fêmeas, por força de mais um desses inexplicáveis milagres da Natureza, lá voltarão, anos passados, à praia onde nasceram para reproduzir mais uma vez este milagre… Fascinante não?

Como a extinção das tartarugas, começa a tornar-se uma realidade, aqui como noutros locais onde existem tartarugas, com o intuito de aumentar a probabilidade de sobrevivência das tartarugas, estas são recolhidas assim que os ovos eclodem e colocadas num viveiro para que cresçam mais um pouco e enfrentem o oceano com mais “vigor”…

Foi neste contexto emocionante que nos deram a cada um, um recipiente com uma destas magníficas criaturas para que as colocássemos na beira mar!






É um sentimento estranho. Parece até cruel, largar ao mar, ao perigo e ao desconhecido uma criatura tão frágil… É um sentimento quase infantil , mas não conseguimos evitar…

Foi com alguma renitência que a Xana largou a “sua” tartaruga, não tenho dúvidas que lhe passou pela cabeça levá-la para casa J

Ao mesmo tempo é de enaltecer todos estes contributos de pessoas esforçadas e apaixonadas pela conservação da natureza e alivia-nos neste momento, que as hipóteses de sobreviverem será maior!

É verdadeiramente fantástico o instinto! Assim que tocam naquela pequena lâmina de água, parece acender-se um rastilho e podemos vê-las com “asas” nas patas em direcção ao alto-mar!

Boa sorte! Espero que voltem… (A minha parecia querer ficar J não lhe auguro grande futuro…)

No capítulo das emoções fortes, terminou o dia, sendo que o dia seguinte não seria menos mágico…