segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Carnivoro, o restaurante improvável, ou talvez não...

Nas nossas passagens por Nairobi, ainda não tínhamos aproveitado para ir ao mundialmente famoso Carnívoro.

Foi desta, entre a chegada de Zanzibar e a ida para as Maurícias, aproveitámos a noite de escala e rumámos ao Carnívoro.

É um restaurante improvável na maioria dos locais do mundo, mas se calhar o mesmo não se poderá dizer por estas paragens.

Apesar da decoração exótica e atraente do restaurante, o que o faz por vezes aparecer nos tops dos rankings mundiais, não é nem a sua decoração, nem a sua sofisticação, nem o seu serviço, é tão só e simplesmente o seu menu.

Claro que tudo o resto ajuda, e é verdade que quer a decoração exótica quer o seu serviço ajudam, mas o que verdadeiramente atrai é a possibilidade de comer uma série de antílopes como a gazela de grant ou de thompson, ou degustar uma zebra. Também existe crocodilo à descrição, avestruz, búfalo, etc...

O estilo é o de rodízio de churrasco à brasileira.


Foi bom, valeu a pena e aconselho a quem passe por Nairobi.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Zanzibar, onde o azul é mais turquesa...

Depois de todas as emoções do safari, chegou a hora de descansar!

É hora de rumar à praia e não fazer absolutamente nada!

Em Zanzibar levámos demasiado à letra a ideia do parágrafo anterior e isso traz-nos hoje amargos de boca, porque havia uma série de actividades que gostaríamos de ter feito, mas o cansaço que os 12 dias de Safari nos provocaram, fizeram indiscutivelmente mossa...

A chegada a Zanzibar, ainda no aeroporto foi o caos completo! Ou seja foi excelente!

Não havia tapete para as malas e havia mais pessoas do que malas!

Por cada mala que aparecia, havia 4 mãos a agarrar na mala e de repente, esta era disputada de forma perfeitamente civilizada por outros tantos "caça gorjetas" que pediam verdadeiras fortunas pela extenuante tarefa de carregar as nossas malas durante 10 metros.

Estávamos em casa! O caos instalado, o calor e a humidade que dificultavam a respiração, tudo se conjugava para uma óptima estadia :-)

No transfer para o hotel que estava já previamente marcado, calhou-nos o best lá do sítio! Não fosse estarmos mortos e muito nos teríamos rido de toda a série de disparates que o mister Magito (para nós best manguito) discorreu durante toda a viagem... Foi uma hora a ouvir que ele era o maior, que fazia excursões inesquecíveis, blá, blá, blá... Às tantas dizia "- Toda a gente me conhece, querem ver? [acenando para os transeuntes] "- recebia uma série de acenos de volta e de sorriso de orelha a orelha, voltava-se para trás e soltava com ar triunfante : " - Viram, sou mesmo conhecido não sou?". Escusado será dizer, que nós fazíamos o mesmo e o entusiasmo com que nos acenavam era ainda maior, afinal éramos estranhos e isso era uma mais valia...

Pelo caminho, pobreza extrema, controlos policiais em catadupa com as tradicionais barreiras dum lado e doutro cheias de picos e os sempre simpáticos e afáveis policiais.

Zanzibar é maioritariamente muçulmano, e ao termos chegado à sexta feira, apanhámos toda a confusão já que toda a gente anda na rua num rebuliço entre a mesquita e o sagrado almoço onde se reúne toda a família.

Parece que estou a ver a cara da Xana, farta do best manguito, que era o 23 filho de uma família onde o pai tinha uma série de mulheres, ou seja, uma confusão. A cultura era 300% machista, e para ele a Xana nem existia. Não lhe ligava, não lhe respondia, o melhor foi quando o manguito se vira para trás e me diz com aquele sorrisinho malandro "- Eh, eh, lá no teu hotel as mulheres são lindas!".

Aliviados do cromo do manguito, lá nos instalámos no hotel.



O hotel era bem localizado, era simpático e com uma praia cuja cor do mar impressionava. Mas para as expectativas que tínhamos, era fraquinho e foi aqui, que ganhei aversão ao esquema do tudo incluído.




Mas até aqui tudo bem, a localização e a beleza do local compensavam as falhas no serviço, o pior ainda estava mesmo para vir...

Mas antes disso chegados ao quarto, ainda fomos "brindados" com este pormenor "delicioso"...


Não é difícil adivinhar, que a "pomba" teve uma morte rápida e lancinante!

Como dizia, o pior estava mesmo para vir e por aqui, o pior eram mesmo as pessoas...

Com aquela praia fantástica pensámos de imediato em dar um passeiozinho à beira mar, descontraído naquele final de tarde, mas a cada 5 metros éramos abordados por alguém ou a "oferecer" excursões, ou a vender artesanato ou droga ou porque simplesmente queriam conversar, mas sempre com uma abordagem agressiva, insistente e intimidatória.



Todos os dias, mal colocávamos um pé na praia passava-se o mesmo! Estamos habituados a que até certo ponto isto aconteça, mas passados os primeiros tempos, deixamos de ser novidade e largam-nos a perna, mas aqui, não. Sempre a mesma agressividade...

A sorte é que isto acontecia apenas na praia propriamente dita, já que na zona da praia onde estavam as palmeiras e as espreguiçadeiras, era espaço do hotel e ninguém entrava, mas assim que íamos dar um mergulho e colocávamos um pé na areia...


É verdade que a nossa paciência estava em baixa, mas aqui foi um exagero, foi aliás o pior local onde estivemos até hoje neste aspecto.

Abortámos o passeio e fomos até ao quarto onde aproveitamos para uma sestazinha, que se prolongou até de madrugada!

Nem jantar fomos, tal era o cansaço acumulado. Agora tínhamos um problema, estava tudo fechado, estávamos esfomeados e cheios de sede e não tínhamos onde ir! Valeu-nos os brindes de honeymooners, e lá devorámos uma cesta de fruta que nos tinha sido oferecida...

Rapidamente recuperámos e revigorados, "jiboiámos" durante 4 dias e aproveitámos ao máximo a praia e o descanso apesar dos contratempos que soubemos ultrapassar.




Zanzibar é um local cheio de história, para além das praias dignas de postais ilustrados.

Foi o primeiro local de chegada de muçulmanos à África de leste existindo registos de construção de 2 mesquitas com mais de 1000 anos.

O primeiro europeu a visitar Zanzibar, foi como não podia deixar de ser um português, foi mesmo o grande navegador Vasco da Gama, na sua inigualável viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia.

Durante 200 anos, foi dominada pelos portugueses, que construíram uma feitoria e que por aqui se instalaram até à infeliz ocupação espanhola, altura em que o Sultão de Omã se apoderou deste território.

Foi um centro de comércio secular, unindo uma série de rotas de fundamentais no oceano Índico e ficou também conhecida pelos maus motivos como é óbvio, já que chegou a ser o principal centro de comércio de escravos que aqui chegavam vindos de todo o continente.

É terra também de especiarias e uma série de excursões para visitar quintas de especiarias estão à disposição e devem valer mesmo a pena.

Tal como valeria a pena de certeza visitar o centro histórico, a famosa Stone Town de Zanzibar city com as suas famosas portas de entrada.

Apenas como curiosidade resta apenas dizer que Zanzibar é um arquipélago de uma série de ilhotas e com 2 maiores, uma Zanzibar e outra que tem um nome que nos é familiar, Pemba, mas que apesar da proximidade linguística, nada tem a ver com a sua homónima moçambicana.

Curioso é também saber, que por aqui nasceu a super estrela, o mundialmente famoso, Freddie Mercury. Esse mesmo o vocalista dos Queen!

Com isto resta dizer que descansámos que nem uns valentes, mas a verdade é que ficámos muito arrependidos por esta nossa pouco habitual preguiça e no final, fica-nos na memória uma série de contradições no que respeita a Zanzibar. Temos um sentimento misto que não nos permite definir correctamente Zanzibar, até porque não a conhecemos em profundidade...A verdade é que tivemos pena de deixar Zanzibar...

Temos obviamente que voltar!

Entretanto, a viagem prossegue e está na hora de voltar ao nosso hub, Nairobi e ao nosso já familiar hotel, Nairobi Safari Club, para uma curta escala para o nosso próximo destino: Maurícias!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Safari, balanço final...

É incrível a sensação que nos liga à Terra, como se dentro de nós existisse sempre um interruptor esquecido entre as nossas vidas citadinas e agitadas que é ligado nos momentos em que mergulhamos na natureza pura e intocada.

Parece que ligado esse interruptor, ficamos em modo "verde" e passamos a absorver com sofreguidão todas as sensações que nos rodeiam e que nos extasiam, por falta desta actividade no decorrer da nossa vida quotidiana.

Parece que de repente passámos a deter poderes sensoriais acrescidos, e ampliámos a sua sensibilidade, porque nos marca de forma redobrada a visão... o olfacto... a audição... o gosto... o tacto...

Existem momentos em que as palavras faltam para descrever sensações, e este safari que fizemos, é inequivocamente um desses momentos. Como em tudo na vida, é sempre melhor viver do que ouvir ou como diz o provérbio, "antes viajado que letrado".

Se calhar esta sensação provém realmente de algum resquício existente nos nossos genes, que nos ligam a esta terra que é o berço da humanidade, como pudemos comprovar no Olduvai. É como que um voltar a "casa"...

Se calhar é o "vírus" de África e dos grandes espaços que nos desarmam, se calhar é um estado de espírito temporário, se calhar é mais uma vontade do que uma realidade, mas seja o que for, é intenso, é profundo, é enriquecedor e inesquecível...

Seguindo a máxima deste blog e que me foi transmitida pelo meu maninho, a vida são os lugares e as pessoas que conhecemos, e seguindo este fio condutor, a minha vida torna-se cada vez mais Vida e este safari teve um contributo de peso para que assim seja.

Neste momento de pequeno balanço, vêm-me à memória algumas imagens deste nosso safari...







































Houve também obviamente uma "conspiração universal" para a nossa felicidade (:-)), também empurrada por nós, que contribuiu para este momento especialmente feliz: aqui confluíram forças "ocultas" que tiveram o seu início nos fantásticos catálogos da Nouvelle Frontiéres, já aqui referidos no blog, e que foram o início de um sonho à época difícil e distante de se concretizar, com as forças próprias deste lugar, misturadas com o momento especialmente feliz da nossa vida, expresso nesta viagem de lua de mel!

Obrigado Xana!

Vamos dar um saltinho a Zanzibar? Vamos!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ngorongoro, vulcão activo...

A reserva do Ngorongoro é um local fascinante!

A vista é deslumbrante, encontramo-nos no centro de uma cratera de um vulcão, o que já por si é desconcertante, depois temos a beleza de um lago pintado de cor de rosa, resultado dos milhares de flamingos que tranquilamente se alimentam, temos savana e também temos floresta.

A cratera do vulcão tem uma área de 260 km2, o que faz com que seja aproximadamente uma circunferência com 18 Km de diâmetro.

É pequena e cheia de vida, a concentração e diversidade por aqui são a garantia de um safari animado!

Chegámos já ao final da tarde ao hotel e o nosso constante rótulo de "honeymooners", valeu-nos alguns pormenores bem simpáticos!


Aliás esta tem sido uma prática frequentemente seguida por nós e com isto já realizámos umas 10 luas de mel :-)

Agora com o Diogo fica mais difícil, mas até aqui tem-nos garantido melhores quartos, alguns cuidados extra e alguns jantares! Basta colocar naquela "caixinha" das observações: "King size bed and please don't forget we are honeymooners!"

A tarde já ia longa e os últimos raios de sol foram bem passados na varanda panorâmica que o nosso quarto  proporcionou, bem acompanhados pelos aperitivos e pelo Cognac que os nossos simpáticos hospedeiros nos haviam deixado sobre a mesa.



Depois da alma aquecida, serviu o cognac para nos aliviar do cansaço que após tantos dias de safari já nos começava a atacar...

O hotel era bem simpático e acolhedor onde não faltava o conforto de uma simpática lareira, que nos convidava a aproximar para nos aconchegar do frio que se faz sentir por estas paragens, afinal já nos encontramos a uma altitude considerável (quase 2000 metros)...




Depois de uma noite retemperadora, saímos mais uma vez bem cedo para explorar a cratera e por mais entorpecidos que estivessemos, era impossível não reagir à beleza deste lugar!

Pelos trilhos de terra batida que vamos percorrendo, começamos a ver os primeiros vestígios de vida selvagem e a aparência é a de uma savana "aprisionada" entre os muros altos e circunferenciais, que tornam Ngorongoro num local de preservação imemorial e intemporal.


As cinzas vulcânicas e a presença constante de água, garantiram sempre a fertilidade destas terras e a abundância de alimento que foi e continua a ser vital para este ecossistema, fazendo com que se encontrem num espaço tão reduzido toda a diversidade de vida selvagem que se anseia ver num safari. Exemplo disso é a presença dos "big five" entre muitos outros claro e o raro rinoceronte preto que se encontra em vias de extinção.

Nós tivemos um efémero encontro com alguns rinocerontes pretos, mas na realidade é como se não os tivéssemos visto, tal era a distância a que se encontravam!

É verdade, que conseguimos com muita dificuldade destrinçar a forma de um corno, muito mais incisivo do que o dos "primos" brancos, característica que aliás os diferencia, nas fotos que tirámos com o zoom no máximo.

Mas para nós, mais do que a proximidade, conforta-nos saber, que a preservação destes animais neste local ,apesar de todas as dificuldades inerentes ao seu baixo número, tem sido de alguma forma um sucesso.


Podemos dizer, que Ngorongoro foi a cereja no topo do bolo, nesta nossa aventura do safari, proporcionando-nos um dia sempre agradável e animado:

Cruzámo-nos com uma grande variedade de animais, tais como os grandes leões do Ngorongoro, maiores do que os demais dada a anteriormente referida abundância de alimento.



Mais uma vez os lagos sempre deslumbrantes com a sua "tropa" de flamingos e pelicanos. 


Aqui com o bónus de apanharmos a interacção de uma família de hienas que tinham a toca nas proximidades onde esta cria aproveitava para apanhar uns banhos de sol.




Cruzámo-nos também com o lindíssimo grou-coroado-de-pescoço-cinzento, símbolo nacional da Tanzânia.



Assistimos também a um fenómeno engraçado numa "piscina" de hipopótamos. Ao aproximarmo-nos, começámos a ouvir um chapinhar constante resultante das pequenas caudas que se esforçavam em molhar as costas.


O Paul explicou-nos que os hipopótamos possuem uma pele muito sensível ao contacto com o sol e daí a necessidade de se protegerem dentro de água e de se encontrarem sempre molhados.

Acontece que a profundidade deste charco não era muito grande e daí o esforço dos hipopótamos, que para os mais destemidos, incluía uma ginástica considerável atendendo ao seu tamanho e que consistia em dar voltas ritmadas sobre si próprios para desta forma molharem as costas de uma forma mais efectiva e que  nos deram o espectáculo cómico e surreal de os ver por diversas vezes de patas para o ar.



E vimos mais... Muito mais...













Numa paragem, tivemos a oportunidade de confraternizar com uns amiguinhos bem simpáticos! Andam sempre à cata de comida ou de qualquer coisa para se entreter! Parece que há bem pouco tempo se divertiram a rasgar um passaporte de uma cidadã americana, que deixou a carteira no jipe...

Sim estes amigos, se apanham o carro aberto avançam como se não houvesse amanhã!







Quando já encetávamos o caminho de volta para o hotel, tivemos a sorte, assim o denominou o Paul, de observar um gato serval, que pelo vistos é bastante tímido e poucas vezes observado num dia de safari.




Voltámos ao hotel felizes! Na nossa última noite deste safari, sabíamos que tínhamos cumprido um sonho antigo, mas a hora era de aproveitar os últimos instantes, absorvendo com sofreguidão todas as imagens destas paisagens que nos marcaram e guardar este cheiro e este sentimento de terra virgem e selvagem que se nos "colou" à pele e que é sempre fonte de saudades, nostalgia e principalmente de grandes recordações, que são o que sempre levamos de melhor e que acabam por viver connosco para o resto das nossas vidas!

Mas deixemos o balanço deste safari para daqui a uns instantes, a hora é de queimar os últimos cartuchos...