quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Drepung, o mosteiro branco

No nosso último dia completo em Lhasa, e visto que optámos por não visitar o mosteiro de Ganden, proporcionou-nos algum tempo livre para viver a cidade. Assim sendo, perdemo-nos por Lhasa ao sabor da nossa imaginação e guiados pela curiosidade. Claramente a zona do Jokhang e do Barkhor são possuidoras de poderes místicos especiais ou talvez algum magnetismo cósmico que atraem de uma forma infalível qualquer alma para o seu interior. Por isso, e sem que nos fartassemos jamais, por lá andámos mais uma vez!


Desta vez tínhamos também uma missão, comprar algum artesanato que nos fizesse recordar esta magnífica viagem e foi assim que nos apaixonámos por um moínho de oração em madeira, teoricamente uma antiguidade que nos aliviou de uns quantos yuans.

Para chegar ao Drepung, um dos 4 mosteiros emblemáticos do Tibete e outrora um centro vivo da actividade tibetana, apanhámos um taxi, que nos deixou na base da colina que entre pilhas de manteiga de iaque, katas e outros artefactos nos levava à entrada onde uma fila organizada e dedicada, fazia rodar os enormes moínhos de oração, com as suas mãos enrugadas e maltratadas pelo tempo.
Tal como o Sera e os outros mosteiros que tivemos a oportunidade de visitar, o mosteiro abre-se num caminho labiríntico de ruas e ruelas, que nos vão dando a conhecer casas e templos que se misturam na vida do quotidiano e que podemos observar através das pequenas portas adornadas que nos atraem sempre.


Observamos o quotidiano dos monges, que vagueiam por alí nas suas tarefas domésticas, ao mesmo tempo que ao lado encontramos monges concentrados nos seus mantras e completamente alheios à nossa presença.

Tal como nos outros mosteiros, o sentimento é místico e faz-nos sonhar como seria antes da invasão chinesa. Aqui como em outros locais do Tibete, mesmo quem não acredita em Deus ou numa entidade superior, não fica indiferente ao clima que o rodeia e que o deixa na dúvida se não existirá mesmo algo superior que o faz mexer...


Deixamo-nos perder por alí, sabendo que é chegada a hora de partir, e no meio de alguma nostalgia e revolta, flutuamos no Drepung, como que querendo deixar a nossa marca, pelo menos espiritual de identificação e apoio a este povo, que embora esquecido pelo Mundo, continua na sua luta mais digna e mais difícil que é a sobrevivência do dia a dia.