sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Pequim, mais Pequim!

Como tinha sido impossível no dia anterior visitar a praça Tiananmen por causa dos festejos de faltar exactamente 1 ano para o início dos jogos olímpicos, voltámos no dia seguinte. Sendo a maior praça pública do mundo, pode dizer-se que há muito caminho para palmilhar…


A praça, está rodeada de edifícios estatais, nitidamente influenciados pela pouco estética traça soviética. São monoblocos gigantescos e pesados adornados com pormenores chineses, que apesar de tudo os tornam menos cinzentos.

No meio está o famoso mausoléu do Mao. É claro que nos lembrámos da piadinha do Soléu… Parece que diariamente, filas intermináveis de chineses devotos e turistas curiosos, acorrem ao local para ver o corpo mumificado do “grande timoneiro”.



Naquele dia não foi o caso, o mausoléu estava encerrado, e não existia qualquer tipo de explicação para o facto. Mas como estamos na China, é óbvio que se está fechado é porque existe um motivo de força maior e nem vale a pena perguntar, é preciso é seguir na passada dos outros biliões para não incomodar a “manada”.

Eu não quis destabilizar, mas ninguém me tira da cabeça que o Mao deu ao soléu…

Aquela que é hoje uma praça moderna, foi projectada por Mao Tsé Tung para albergar as suas famosas paradas militares, com assistências que chegavam a atingir 1 milhão de pessoas. Em tempos idos, foi parte integrante da cidade proibida. Para o provar, estão ainda intactas duas das portas da antiga cidade, que se podem visitar e onde se pode obter uma boa vista panorâmica de Tiananmen.

Estávamos no centro simbólico do universo chinês e como é claro do universo comunista também. Avessos aos protestos ou a qualquer atitude dissidente, a praça está monitorizada por um circuito de televisão… não vá o diabo tecê-las…


Não sendo especialmente bonita, tirando as antigas portas da cidade e claro está, a porta da paz celestial que dá entrada para a cidade proibida, ninguém fica indiferente à sua dimensão. O que também não nos deixa indiferente é o frenesim de pessoas. Milhões de chineses sempre stressados e apressados percorrem a praça em passos largos. Sim, a “paciência de chinês” é um mito e aqui pudemos comprová-lo. Podia fazer-se um tratado de antropologia baseado em apenas algumas horas de observação. O que haveria para dizer é que não seria propriamente muito abonador dos chineses…

Passámos algum tempo a deambular por Tiananmen. Observámos a praça, relembrámos as famosas manifestações de 1989 que tornaram o nome “Tiananmen” infelizmente famoso por todo o mundo e dissecámos os comportamentos e atitudes das pessoas que passavam. Em seguida, decidimos rumar ao parque Bei Hai, que fica nas imediações da cidade proibida e de Tiananmen. Porque ficava próximo levámos apenas… 2 horas!

O parque Bei hai, remonta ao tempo de Kublai Khan e do seu palácio, não restando hoje em dia da sua corte nada mais do que uma jarra de jade. É um espaço bem cuidado e acolhedor, especialmente para quem quer descansar um pouco do caos da cidade. No lago, sobressaem algumas ilhas e no extenso espaço verde que as rodeia podemos observar alguns praticantes de Tai chi ou músicos amadores. Nós optámos por almoçar num agradável restaurante no meio de uma ilha, o que não evitou que uma família típica de chineses que passava numa embarcação de recreio, gozasse com a forma como segurávamos os pauzinhos. “Eu queria era ver-te de faca e garfo…”


Noutra ilha o “pagode branco”, um templo budista construído em honra de uma visita do Dalai Lama (já lá vão obviamente muitos anos!), ostentava orgulhoso a sua stupa branca que se destacava entre a vegetação.


Já refeitos da longa caminhada da manhã, partimos à descoberta dos hutongs, os poucos bairros antigos de Pequim que têm sido selvaticamente destruídos para dar lugar aos monstruosos arranha céus mais condizentes com a modernização e evolução económica do país no entender tacanho dos dirigentes chineses. Dá-se assim lugar a uma destruição em massa da cultura e vivência dos habitantes de Pequim para colocar uns monstros de betão e vidro…

Soubemos que milhares de pessoas são retiradas dos bairros onde viviam há gerações e são colocadas algures nos taciturnos subúrbios de Pequim sem que se conheçam quaisquer manifestações pelo facto…

Parece que actualmente, os Pequineses mais endinheirados, aderiram à moda de reabilitar estas antigas casas, dotando-as de luxuosas infra-estruturas, permitindo que se acabe com a destruição massiva que se verificava.


Para visitar os hutongs, optámos por um riquexó e após uma rápida negociação, entrávamos nas entranhas de Pequim. As ruas estreitas e mal tratadas sucediam-se revelando a verdadeira alma da cidade. As paredes eram de um monocromático cinzento, rasgadas por cores garridas nas portas e telhados em forma de pagode. Lojas de todo o género sucediam-se e como apreciadores que somos, parámos numa loja de chá.


Depois de nos perdermos nas inúmeras caixas e caixinhas dos infindáveis tipos de chá, lá saímos com umas gramas connosco que nos custaram os olhos da cara. Está claro que nos enfiaram numa loja para turista! Embora em parte fosse verdade, mais tarde verificámos que o chá em Pequim não é a "pechincha" que pensáramos antes.


Continuámos, cruzando-nos com bicicletas de todo o género, carregando os objectos mais bizarros e variados. Grupos juntavam-se nos alpendres para uma partida de xadrez chinês ou de mahjong. O quotidiano daquelas pessoas reflectia-se numa variada oferta de lojas e ofícios ancestrais que se espalhavam pelas ruas.

Pelo caminho mais uma paragem na casa onde Mao Tsé Tung terá vivido alguns anos e após a foto da praxe, lá seguimos para uma tradicional casa chinesa, onde todos os objectos quer dos pátios, quer do interior das casas se encontravam religiosamente colocados para nos explicarem os incontáveis e venerados rituais dos seus habitantes. Claro que para seguir o ritual à risca, não saímos de lá sem beber uma fumegante chávena de chá verde.


Acabada a volta, saímos satisfeitos por verificar que a cidade de Pequim, não se limita aos incontáveis arranha-céus e ainda nos deixa vislumbrar uma réstia daquele que terá sido o quotidiano de todos os Pequineses.

Seguimos em direcção ao templo dos lamas, mas desta vez já não seríamos enganados de novo… apanhámos um táxi.

O templo dos lamas é o mais conceituado templo budista tibetano, fora do Tibete. Era um excelente aperitivo para a nossa estadia posterior em Lhasa.


Rodas de oração e caldeirões onde se queimava um aromático incenso, deram-nos as boas vindas àquele local repleto de cor, vida e misticismo.



Os pavilhões profusamente decorados com cores vivas, os magníficos telhados, os arcos e frescos bem trabalhados e as tapeçarias, compunham um quadro extremamente acolhedor.

O Ex-libris deste templo era uma estátua que está inclusivamente registada no livro dos recordes do Guiness, dado ser a maior estátua construída de uma única peça de madeira. O Buda maytreia, possuí-a uns impressionantes 26 metros de altura!



É decididamente um local a não perder em Pequim!

Nada melhor para acabar o dia do que assistir a um dos muitos espectáculos fantásticos que Pequim tem para oferecer. Fomos ao circo acrobático de Pequim, que é verdadeiramente impressionante. A falta de qualidade da sala, para os nossos padrões ocidentais, foi amplamente compensada pela a mestria e destreza daqueles artistas que de número impossível em número impossível nos foram abrindo a boca de espanto. Por falar nisso, como não nos apetecia especialmente escorpiões, gafanhotos ou lagartinhos fritos, fomos mais uma vez “atacar” o pato lacado.

Para nós que não somos cosmopolitas nem especialmente adeptos do turismo urbano, Pequim estava a cair-nos no goto!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Pequim, o primeiro dia

Após algumas horas de viagem, na companhia finlandesa Finnair, com uma oportuna escala em Helsínquia, aterrávamos em Pequim. Um aeroporto monumental ainda em obras para receber aquele que é neste momento um verdadeiro desígnio e orgulho nacional chinês: Os Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

Tínhamos 4 dias completos para conhecer Pequim, que não sendo suficientes para conhecer em detalhe uma cidade com 14 milhões de habitantes e com a riqueza cultural de Pequim, eram no entanto suficientes para conhecer aqueles que são os pontos mais interessantes.

Fruto de experiências anteriores, já aprendemos a controlar um bocadinho o jet leg e por isso mesmo, não nos rendemos ao cansaço natural e após uma rápida passagem pelo hotel para deixar as malas já nos encontrávamos prontos para deambular pelas ruas de Pequim.

A ansiedade de ir ao encontro de mitos e lendas chinesas e de encontrar aquelas imagens que povoam o nosso imaginário carregadas de cor e exotismo, empurravam-nos a todo o momento para os locais que tínhamos aprendido a venerar mesmo antes de os conhecer. Basta pensar que Pequim é a capital dinástica chinesa desde o século XIII, onde reinaram dezenas de imperadores autoritários ou ausentes, perversos ou puritanos, mas sempre rodeados de faustosas cortes que inebriavam qualquer reino à face da terra.

Pequim viu Ghengis Khan e o império Mongol, o maior e mais poderoso jamais visto à face da terra. Viu Marco Pólo nas suas deambulações e sucessivas embaixadas. Viu Fernão Mendes Pinto como prisioneiro na sua inigualável Peregrinação, viu a Dinastia Qing e a dinastia Ming a acabar com o último imperador Pu Yi, magnificamente retratado no filme de Bernardo Bertolucci. Viu as civilizações Ocidentais a explorarem as suas entranhas e viu também Mao Tsé Tung e as suas particularidades que ainda hoje são seguidas a contra gosto pela maioria da população e principalmente pelo partido comunista chinês.

Era por tudo isto que aqui estávamos, foi por tudo isto que fomos atraídos e era por tudo isto também que nos instalámos num hotel localizado num hutong (os antigos bairros de Pequim). O hotel estava impregnado de história ou não fosse ele uma tradicional casa chinesa recuperada onde não faltavam sequer os famosos pátios interiores com as gaiolas penduradas nas árvores.

Saímos em direcção ao centro da cidade. A cidade proibida era o nosso destino e passados poucos metros, já tomávamos consciência do que é o verdadeiro comunismo. Um enorme arranha-céus com ostensivas indicações do Banco da China apresentava na sua base o maior stand da Ferrari que já vi na vida! Viva o comunismo!

Como começávamos a ver como funcionava o comunismo, aproveitámos logo o local para levantar os nossos primeiros yuans. Não entrámos no stand, porque não somos ostensivos e continuámos rumo ao nosso objectivo.

Passados poucos instantes, começámos também a perceber que Pequim é de uma dimensão avassaladora: são mais de 16000 Km2, aproximadamente o tamanho da Bélgica! Nós escolhemos um hotel localizado bem no centro da cidade e olhando para o mapa era-o de facto, mas a realidade mostrou-nos que o “centro” ficava a pelo menos 1 hora a pé. Aprendemos que em Pequim se apanha um táxi para todo o lado. É que as distâncias não são para brincadeiras, ainda mais quando acompanhadas por temperaturas a rondar uns “simpáticos” 40ºC.

A curta viagem mostrou-nos avenidas monumentais e rectilíneas, centros comerciais por todo o lado, arranha-céus intimidadores e um trânsito caótico. A cidade está em ebulição e dá a sensação que ninguém quer perder o que aqui se passa, motivo pelo qual encontrávamos a cada canto representações de multinacionais de todo o mundo.

Chegámos à cidade proibida. Na frente da entrada principal, estava nada mais nada menos que a maior praça do mundo: Tiananmen. Foi inevitável lembrar as imagens que correram mundo com o jovem estudante chinês a desafiar corajosamente um tanque do exército que o mataria poucos instantes depois. Na luta pelos seus ideais, morreram milhares de estudantes nas manifestações de 1989. Acreditavam na mudança política do seu país, mas continua a imperar o livro vermelho do Mao.

Tiananmen é a maior praça pública do mundo. Quando chegámos, preparavam-se as comemorações da aproximação aos jogos olímpicos, faltava exactamente 1 ano nesse dia e a praça estava praticamente fechada. Voltaríamos mais tarde.

Na entrada da cidade proibida e entre as muralhas vermelhas com as suas torres em estilo de pagode, sobressaía a gigantesca imagem de Mão Tsé Tung. As feições de avozinho bonacheirão quase faziam esquecer as atrocidades por que fez passar o povo chinês onde em apenas num ano e fruto das suas políticas completamente alienadas fez morrer à fome 50 milhões de pessoas. Mais do que em toda a II guerra mundial!

Como todos os locais históricos de Pequim, a cidade proibida impressiona quer pela sua dimensão quer pelo misticismo que impregna as suas paredes.
Outra surpresa para nós, foi verificar que a percentagem de turistas ocidentais era mínima. Estavam milhares de pessoas lá dentro, mas maioritariamente, turistas chineses. Fez-nos pensar, que com o crescimento do país e quando a condição financeira dos chineses for mais favorável, esperam-nos verdadeiras invasões de turistas chineses na Europa.
À entrada, surpresa das surpresas, existia um audioguia em Português! Lá entrámos no gigantesco complexo de pavilhões e praças que nos lembraram porque é que o local é designado por “cidade”. Aqui viveram poderosos imperadores rodeados do seu séquito de mais de 10000 servos, passando por vezes toda a sua vida no interior das muralhas.

Os chineses possuem uma especial apetência poética para dar nomes às coisas. Penso inclusivamente, que essa é uma das razões, pelas quais existe um exotismo muito próprio na cultura chinesa. Quando ouvimos falar as suas designações, a nossa imaginação fruto desta poética abordagem das coisas, cavalga a galope. Acho que hoje em dia se diria que os chineses eram especialistas em “Marketing”!

Se não vejamos: Porta da paz celestial, Porta do divino génio militar, Porta da suprema harmonia, Palácio da pureza celestial, Palácio da Primavera eterna, são apenas alguns exemplos que podemos encontrar na cidade proibida.

Convenhamos, que as expectativas ficam altas…

Mas não nos podemos queixar, a cidade proibida é um extraordinário complexo de palácios, praças, pavilhões, jardins e muito, muito mais. Existe espaço mais do que suficiente para acolher os milhares de pessoas, que se perdem meio extasiados nos séculos de História a que este local nos transporta. A arquitectura e o fausto são tudo aquilo que esperávamos. É apenas… maior!

Os telhados em forma de pagode assentavam na perfeição nas enormes estruturas de madeira pintadas de vermelho vivo. Magnificas pinturas de cores vivas sobressaíam na madeira trabalhada, muitas vezes na forma de figuras bizarras e míticas que povoam o imaginário popular chinês. Entalhes dourados, rasgam fachadas e portões, conferindo-lhes uma altivez difícil de descrever.

As balaustradas dos sucessivos terraços estão decoradas com milhares de pináculos de mármore estendendo-se ao longo das enormes praças, que na era imperial chegavam a acolher mais de 100000 pessoas nos discursos do imperador.

Várias exposições ao longo dos muitos pavilhões lançam-nos na riquíssima história chinesa. Desde os artefactos utilizados em diferentes épocas aos diferentes trajes do imperador até aos objectos de uso diário, verdadeiras relíquias para a época. Temos oportunidade de ver também as várias salas que compunham a corte, bem como o trono do imperador desta feita sem o fausto que apresentaria à época.

Para acabar a visita, várias horas depois, nada melhor que um passeio nos jardins onde imagino que alguns funcionários devem ter passado um mau bocado para satisfazer as extravagâncias dos vários imperadores e imperatrizes.

Tentámos sair de novo pela praça Tiananmen, mas já estava fechada para as comemorações dos Jogos Olímpicos. O dia para nós já ia longo e estava na hora de experimentar o prato mais famoso da cidade: o pato lacado à Pequim. É tratado como uma verdadeira iguaria e vários restaurantes se intitulam com o epíteto do “melhor pato à Pequim”. Nós queríamos ir ao mercado nocturno de Donghuamen e foi para lá que nos dirigimos. Quando chegámos, já algumas bancas se preparavam para servir algumas verdadeiras pérolas gastronómicas, mas já lá iremos a esse momento que constitui para nós um verdadeiro highlight de Viagem!

Antes procurámos um restaurante nas traseiras das várias barraquinhas do mercado, e lá fomos comer o desejado pato. O pato é confeccionado, injectando óleo a ferver entre a pele e a carne, conferindo-lhe aquele tradicional aspecto do pato lacado. A pele estaladiça é aliás o mais apreciado entre os locais, sendo servida à parte do resto. O pato estava delicioso e resolvemos colmatar a refeição com um belíssimo chá de crisântemos!

Em seguida, fomos explorar o famoso mercado nocturno que nos presentearia com algumas imagens que ainda hoje tenho dificuldade em apagar da memória. É certo que sabíamos do exotismo da gastronomia asiática em geral e da chinesa em particular. Já tínhamos inclusivamente contactado com alguns pratos “exóticos” no sudeste asiático, mas aqui a “qualidade” e quantidade destes “condimentos” era verdadeiramente avassaladora!
Uma enorme excitação assaltou-nos quando começámos a ver umas espetadinhas de bichos-da-seda, escorpiões, gafanhotos, estrelas-do-mar, cavalos-marinhos, pequenos lagartos e uma quantidade de outros insectos difíceis de descrever!!! Felizmente, não se confirmaram as referências a cães…
E quando estávamos nós ainda a tentar controlar a nossa incredulidade “Ah isto é só para turista ver!” eis que aparecem uns esfomeados chineses que pedem várias espetadas e as comem ali mesmo entre comentários de uma turista tão incrédula como nós “estes chineses são doidos não são?”. Acenámos em sinal de aprovação, mas nem assim conseguimos retirar a satisfação estampada na cara daquele casal de chineses!
É caso para dizer que se confirma o famoso ditado que diz que os chineses comem tudo o que se move…

Sentindo que o dia já ía longo e que já eram muitas as emoções vividas, apanhámos uma espécie de tuk tuk, que nos levou ao nosso hotel. Era tempo para interiorizar as muitas experiências vividas durante o dia.

E ainda mal tinha começado…

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Viagem à China, Tibete e Malásia

Em Agosto deste ano fomos até à China, ao Tibete e acabámos na Malásia para um relaxante mergulho no Índico.

Esta era para nós uma viagem que culminava o primeiro ciclo Asiático. Depois das Maldivas, Indonésia, Singapura, Tailândia, Birmânia e Cambodja, esta viagem era para nós a cereja no topo do bolo!

Para mim a maior expectativa era o Tibete, ou melhor Lhasa, visto que o exíguo período de férias não nos dava mais tempo para aquela que é uma das pérolas asiáticas. A China era um sonho antigo, provavelmente a única civilização primária do mundo moderno, só comparável com o Antigo Egipto, os Incas Maias, Aztecas ou a Roma e Grécia Antiga. É a única civilização do mundo antigo que subsiste e o património que restou chega e sobra para impressionar o mais céptico dos cépticos.

A China é provavelmente o país mais falado na actualidade, por força de todos os números extravagantes que apresenta, quer seja em termos de crescimento económico, população, área, antiguidade, censura, sentenciados à pena de morte, pobreza extrema, revolução industrial, poluição…

Por tudo isto os sentimentos eram vários e a expectativa enorme!

Esperávamos o melhor e o pior. As opiniões recolhidas e a vasta investigação prévia davam-nos um manancial de informação difícil de digerir. Mas uma coisa era certa, veríamos verdadeiros marcos do mundo antigo e moderno.

Maravilhas como a grande muralha, a cidade proibida, o templo do céu ou os cavaleiros de terracota. Veríamos a mística paisagem rural chinesa. O património natural com os Pandas à cabeça e ainda verdadeiros pedaços de história e misticismo como o Potala ou o Jokhang em Lhasa. Sobravam ainda uma réstia de orgulho nacional com a visita a Macau e o cosmopolitismo de Hong Kong e Kuala Lumpur. Para acabar nada melhor do que voltar às praias tropicais a sério. Não daquelas enganadoras como as muitas que se vêem em revistas de viagem e que nos reservam uma grande decepção à chegada (como já nos aconteceu). Aqui era garantido. Falo de Redang e valeu a pena!!!