Chegámos ao Tibete carregados de imagens e de estímulos que eram o fruto do nosso interesse há já muito tempo. Sabíamos desde início da situação política delicada que extravasa na região e que os nossos passos estariam vigiados e bem monitorizados pelas autoridades chinesas.
Sabíamos por experiência própria, dada a dificuldade na obtenção do visto para a região do Tibete ou da dificuldade em marcar o hotel que queríamos. Sabíamos da história recente do Tibete e a vasta literatura que havíamos consultado, era demonstrativa da despudorada aniquilação da cultura tibetana e do genocídio do seu humilde povo.
Sabíamos que tinham sido transferidos à força milhões de chineses han para o território, fazendo dos estoicos tibetanos autóctones uma minoria no seu próprio país.
Sabíamos que os chineses possuidores de um poderio militar infinitamente superior ao tibetano, arrasaram tudo e todos, desde pessoas, templos, religião, cultura, etc. Basicamente aquilo a que chamaram "libertação" mais não foi do que aniquilar todo um povo, substituindo-o pelo seu próprio povo, numa lógica de alargamento do território e na ânsia e ganância de explorar as muitas riquezas da região, já para não falar da riqueza estratégica de dominar mais de 80% da água doce de todo o sudeste asiático.
Sabíamos também que todas estas manobras iniciadas há mais de 60 anos, tinham tido a complacência tácita de todas as nações do mundo com excepção talvez da Índia, que exilou em Dharamsala o Dalai Lama e a maior comunidade tibetana no exterior do Tibete. Dharamsala é aliás a única esperança de quem ainda acredita que um dia será feita justiça e reposta a verdade no Tibete.
Tudo isto nos repugnava e no fundo personalizava tudo o que o mundo tem de pior: A ganância, hipocrisia, desleixo, falta de valores e o medo que sempre representou a China para o resto do mundo. Foi por isso que recentemente me repugnou mais uma vez, que na sua recente visita a Portugal, não tenha existido qualquer recepção oficial ao Dalai Lama, um homem simpl,es e genial que apenas arroga aos seus semelhantes a filosofia da paz e da não agressão! Mais uma vez me indignei, que por interesses económicos, Portugal fique ligado à ganância e à hipocrisia. Não me senti representado pelos políticos da minha terra e mais do que isso senti-me envergonhado!
Todo o estado de espírito no que se relaciona com o Tibete é de compreensão e de compaixão para aquele povo sofredor, que o que sempre quis foi viver a sua vida sem ser incomodado e de uma forma simples e respeitadora.
Depois de lá estar e fugir o mais que pude ao controlo imposto, reforço a minha profunda admiração por aquele povo, que apesar de oprimido e humilhado, continua sabe-se lá a que preço a tentar preservar a sua tradição e que apesar do medo e da repressão, parece em cada olhar que nos lança pedir para não nos esquecermos deles e para alertarmos o mundo para a sua situação.
Da minha parte, um simples cidadão deste mundo, têm o meu mais profundo respeito e admiração e podem sempre, mas sempre contar comigo!
Obrigado pela lição de vida!
Obrigado Tibete!
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
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