quinta-feira, 5 de junho de 2008

Xian,cidade imperial!

Embora Xian seja essencialmente conhecida por causa dos seus cavaleiros de terracota, os atractivos desta cidade da província de Shaanxi na China central, não se limitam a esse inimitável exército com mais de 2 mil anos.

Ainda Roma não tinha sido fundada nem muitos dos clássicos gregos escritos e já Xian era uma cidade clássica do mundo antigo. Sendo o términus da mítica rota da seda, facilmente se percebe que fosse uma cidade “global” à escala da época. Foi a capital imperial do império do meio. Durante séculos aqui nasceram e morreram dezenas de imperadores e dinastias.

Xian foi o centro do universo chinês e o legado que nos deixa é impressionante.

Quando chegámos a Xian, e dado que ficámos instalados no centro da cidade com vista para a torre do tambor e para a torre do sino, partimos a pé à descoberta da cidade.

Mesmo em frente ao hotel encontrámos um mercado de rua por onde gostamos sempre de passear. Ficamos a conhecer os hábitos locais e tomamos contacto com alguns produtos exóticos que sempre se encontram nestes locais. Após frustrantes tentativas de descodificação de frutas e legumes, seguimos para o bairro islâmico.
Na altura não sabíamos sequer para onde nos dirigíamos, mas uma placa dava-nos as boas vindas ao local. Este bairro revelou-se absolutamente surpreendente. Tendo nascido dos comerciantes muçulmanos que percorriam a rota da seda, pode dizer-se que será o mais antigo de Xian.
Entre ruelas intrincadas, fomos avançando numa miríade de estabelecimentos e bancas que vendiam de tudo um pouco. Da nossa parte, devemos confessar que gostámos bastante dos grilos e das suas minúsculas gaiolas de verga, que são vendidos como animais de estimação. Seguindo a tradição dos seus ancestrais, aqui o comércio é frenético, existindo produtos para todos os gostos, desde os tradicionais restaurantes às lojas de chá até às lojas onde se vendem cartazes de caligrafia chinesa.
O contacto com os orgulhosos homens religiosamente barbudos e de imponentes turbantes brancos em riste, fez-nos descansar um pouco da cultura chinesa. O bairro era realmente muito interessante e após uma consulta à nossa bíblia de viagens, o lonely planet claro, apontámos a bússola para o ponto de interesse mais destacado do bairro: A grande mesquita. Embora localizada aqui desde tempos imemoriais, o edifício actual da grande mesquita data do século XVIII e é um local extremamente calmo e apaziguador. É uma simbiose da cultura árabe com a cultura chinesa, e assim ao longo dos jardins bem cuidados que íamos percorrendo, despontavam alguns templos em forma de pagode. Mereceu indiscutivelmente a visita!

À saída voltámos a perder-nos no labirinto de ruelas que a cada esquina nos mostravam mais bancas artesanais de produtos vários e comida. Ficou-nos na retina, uma banca onde confeccionavam de forma artesanal uns atractivos chupa-chupas que nos faziam recuar no tempo e que deliciavam a criançada que ali acorria em grande número.

Deliciados com a experiência, fomos ficando por ali até já serem horas de jantar. Um primeiro olhar para o restaurante… Perfeito, éramos os únicos de olhos redondos! Depois de uma série de conversas mutuamente incompreensíveis e auxiliados pela sempre universal linguagem gestual, lá conseguimos pedir umas pequenas espetadas de diferentes tipos de carne sem picante… Algumas garrafas de água depois, com muitos gestos pelo meio, lá conseguimos a segunda rodada de espetadas, desta vez mesmo sem picante!

A autenticidade e espontaneidade vivida naquele restaurante era directamente proporcional à inequívoca falta de condições para os nossos padrões ocidentais. Os preços também não estavam absolutamente de acordo com os nossos padrões. Por menos de 5 euros comemos algumas dezenas de pequenas espetadas e bebemos umas garrafas de água e coca-cola! O mais engraçado, é que no dia seguinte descobriríamos que tínhamos sido enganados e que pagáramos o dobro do que seria devido.

Recolhemo-nos no hotel ainda embalados pelo bonito espectáculo dos extensos papagaios de papel, que em movimentos ritmados pelo vento, pareciam querem rasgar o céu...

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