Tudo isto somado, leva a que o relativo sucesso da preservação desta espécie seja simplesmente a manutenção dos números existentes.
O centro de pesquisa do panda gigante nos arredores de Chengdu, tenta contrariar essa tendência, com 40 animais residentes, tenta aumentar a reprodutividade dos Pandas e aumentar as probabilidades de sobrevivência das pequenas crias.
Foi este centro que quisemos conhecer e onde entrámos após uma curta viagem de 10 Km. A melhor hora para visitar o centro é de manhã cedo, quando os pandas são alimentados, visto que tirando esta altura, os pandas estão empenhados no seu hobbie preferido: dormir!
Ao contrário de alguns locais por onde passámos, aqui todas as indicações e explicações dos vários locais, museu incluído, estão também em inglês, o que parecendo que não… facilita!
A excitação de ir ao encontro dos pandas era grande, e a ansiedade de avistar o primeiro, impelia-nos a andar cada vez mais depressa. O local embora fosse paradisíaco, especialmente para mim que sou um aficionado do bambu gigante, começava a deixar-nos desiludidos, é que naqueles amplos espaços, só víamos… bambu. Por fim lá avistámos um ponto preto e branco, que nem com o zoom no máximo conseguíamos distinguir as feições! Mas era apenas a ansiedade de querer ver tudo no primeiro minuto, porque alguns instantes depois, lá chegávamos a um local designado por “parque infantil dos pandas gigantes”. E aí, tirámos a barriga de misérias.
Era a hora da alimentação, e o caos estava instalado! Aquele local onde 10 ou 15 peluches gigantes tinham ganho vida, era de facto inenarrável. Os pandas têm duas características que os tornam especialmente atractivos: são bonitos e desajeitados. As suas reacções e relações mútuas, provam que existem pontos a favor na teoria do caos! Os momentos proporcionados, são capazes de arrancar comentários do tipo “olha que os bichos até são engraçaditos” aos mais sisudos dos visitantes.
“É por isto que vale a pena Viajar!”. Eram estes pensamentos que em silêncio nos assaltavam enquanto continuávamos a nossa visita. Para além do museu simples mas esclarecedor e dos variadíssimos espaços por onde os pandas vão sendo distribuídos consoante o seu estado de desenvolvimento, tivemos oportunidade de ver uma cria minúscula e de pegar ao colo um panda bebé. Relativamente ao segundo, só tivemos a oportunidade porque não chegámos a fazê-lo por duas razões: ou melhor, por uma, é porque era caro! 1000 Yuans, visto assim, são apenas 100 euros, mas na altura pareceu-nos uma fortuna e para além disso, assaltou-nos a ideia, se seria o melhor para os pandas, que uma trupe de japoneses e 2 lusos, andassem para ali a “chatear” os bichos!
Ao longo da visita e certos que os pandas recebem ali o melhor tratamento possível, não podemos deixar de notar alguma precariedade de algumas jaulas, com espaços demasiado confinados e claustrofóbicos. Não nos podemos esquecer no entanto do nível de vida chinês…
Os parentes pobres do parque são os pandas vermelhos, que não gozam da popularidade dos seus primos a preto e branco. No entanto esta discriminação não se faz sentir nas suas instalações.
Estava na hora de voltar ao templo de wenshu, que estava fechado no dia anterior e aproveitar a ocasião para almoçar naquele bairro fantástico que o rodeia. Foi o que fizemos. Após um almoço típico chinês, lá partimos rumo ao templo budista que nos é sempre inspirador. Nada de especial a apontar ao templo para além do ambiente sempre positivo e regenerador que parece ser parte integrante de qualquer templo budista.
O que é de registar é o bem cuidado parque, onde vários transeuntes vêm "passear" os seus pássaros domésticos em rústicas gaiolas que ficam penduradas nas árvores enquanto os seus donos se embrenham numa disputada partida de mahjong.Na continuação do parque, uma casa de chá dá continuidade à mistíca do lugar com litros e litros de àgua que vão correndo dos enormes bules metálicos dos empregados num contínuo vai e vem para encher e dar vida às folhas verdes da planta do chá, dos crisântemos e de tantas outras essências que por ali se sentiam.
As casas de chá funcionavam na China como um local de encontro social e onde para além da conversa, dos jogos e obviamente do chá, se aproveitava o local para algumas necessidades básicas como fazer a barba, cortar o cabelo ou.... limpar os ouvidos! Sim, em pleno século XXI, parece que ainda se preservam algumas tradições...
O nosso dia estava ganho, Chengdu também ganhou algum estatuto e deixou de ser apenas um local de passagem para o Tibete. A nós restáva-nos aproveitar a beleza e o misticismo daquela casa de chá perdida no templo, para entre repetidas chávenas de chá, apurarmos os nossos sentidos para recebermos em pleno toda a magia que o Tibete nos reservaria...
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