Ainda Roma não tinha sido fundada nem muitos dos clássicos gregos escritos e já Xian era uma cidade clássica do mundo antigo. Sendo o términus da mítica rota da seda, facilmente se percebe que fosse uma cidade “global” à escala da época. Foi a capital imperial do império do meio. Durante séculos aqui nasceram e morreram dezenas de imperadores e dinastias.
Xian foi o centro do universo chinês e o legado que nos deixa é impressionante.
Quando chegámos a Xian, e dado que ficámos instalados no centro da cidade com vista para a torre do tambor e para a torre do sino, partimos a pé à descoberta da cidade.
Mesmo em frente ao hotel encontrámos um mercado de rua por onde gostamos sempre de passear. Ficamos a conhecer os hábitos locais e tomamos contacto com alguns produtos exóticos que sempre se encontram nestes locais. Após frustrantes tentativas de descodificação de frutas e legumes, seguimos para o bairro islâmico.
Na altura não sabíamos sequer para onde nos dirigíamos, mas uma placa dava-nos as boas vindas ao local. Este bairro revelou-se absolutamente surpreendente. Tendo nascido dos comerciantes muçulmanos que percorriam a rota da seda, pode dizer-se que será o mais antigo de Xian.
Entre ruelas intrincadas, fomos avançando numa miríade de estabelecimentos e bancas que vendiam de tudo um pouco. Da nossa parte, devemos confessar que gostámos bastante dos grilos e das suas minúsculas gaiolas de verga, que são vendidos como animais de estimação. Seguindo a tradição dos seus ancestrais, aqui o comércio é frenético, existindo produtos para todos os gostos, desde os tradicionais restaurantes às lojas de chá até às lojas onde se vendem cartazes de caligrafia chinesa.
O contacto com os orgulhosos homens religiosamente barbudos e de imponentes turbantes brancos em riste, fez-nos descansar um pouco da cultura chinesa. O bairro era realmente muito interessante e após uma consulta à nossa bíblia de viagens, o lonely planet claro, apontámos a bússola para o ponto de interesse mais destacado do bairro: A grande mesquita. Embora localizada aqui desde tempos imemoriais, o edifício actual da grande mesquita data do século XVIII e é um local extremamente calmo e apaziguador. É uma simbiose da cultura árabe com a cultura chinesa, e assim ao longo dos jardins bem cuidados que íamos percorrendo, despontavam alguns templos em forma de pagode. Mereceu indiscutivelmente a visita!
A autenticidade e espontaneidade vivida naquele restaurante era directamente proporcional à inequívoca falta de condições para os nossos padrões ocidentais. Os preços também não estavam absolutamente de acordo com os nossos padrões. Por menos de 5 euros comemos algumas dezenas de pequenas espetadas e bebemos umas garrafas de água e coca-cola! O mais engraçado, é que no dia seguinte descobriríamos que tínhamos sido enganados e que pagáramos o dobro do que seria devido.
Recolhemo-nos no hotel ainda embalados pelo bonito espectáculo dos extensos papagaios de papel, que em movimentos ritmados pelo vento, pareciam querem rasgar o céu...
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